domingo, 31 de outubro de 2010

Ver, aprender e criar

Escola a serviço da comunidade: em Roraima, projeto combate desidratação em escola indígena

Vem do extremo norte do País um eficiente exemplo de parceria entre comunidade e escola. A 40 quilômetros de Amajari, em Roraima, a Escola Estadual Indígena Tobias Barreto é, ao mesmo tempo, instituição de ensino e fonte de melhora em qualidade de vida para os cerca de 150 habitantes da aldeia indígena de Mangueira. “A comunidade e a escola, em muitos momentos, se misturam”, conta o professor Paulo Roberto Temóteo, que apresentou o que ocorre na região durante a cerimônia de premiação da 2ª edição do Prêmio Minha Comunidade Sustentável – a Tobias Barreto foi agraciada no evento.

Cerca de 150 pessoas vivem nessa aldeia de Mangueira. São indígenas pertencentes a duas etnias: os wapixana, que correspondem a 90% da população, e os macuxi. Ao longo de 2010, alunos e docentes exemplificarão o papel de referência da Escola Tobias Barreto para os moradores locais. Por meio de um projeto chamado Aruray, que tem o professor Temóteo no comando, a comunidade deve ganhar uma horta interligada a um pomar na escola para enriquecer a merenda escolar e combater os frequentes casos de desnutrição e desidratação, que chegam a 80% dos habitantes. A alimentação dessas pessoas é composta basicamente de farinha, arroz e jabá (charque), com “praticamente zero de frutas e legumes”, explica o professor. Depois da criação de horta e pomar, serão incorporados à dieta jerimum (abóbora), beterraba, tomate, aipim (mandioca), além de frutas como mamão e goiaba.

O Projeto Aruray, que é possível graças à premiação de 6,7 mil reais do Minha Comunidade Sustentável, vai além da diversificação dos alimentos. Os alunos do Ensino Fundamental participarão de encontros para conscientizar a comunidade sobre ocupação do solo e a importância de consumir produtos orgânicos. “Algumas famílias criam hortas dentro da mata e, para isso, fazem queimadas”, afirma Temóteo. O objetivo do professor é mostrar que é possível construir hortas e pomares na vegetação de lavrado, promovendo o mínimo de desmatamento possível. “O ideal seria que, para cada árvore ceifada, se plantasse outra. Isso será feito nos arredores da horta, com o plantio de árvores frutíferas que fornecem alimentos e sombra, pois a escola está localizada em uma região que faz muito calor”, relata.

Os docentes da escola já passaram por um treinamento que vai prepará-los tanto para a implementação prática do projeto quanto para as aulas teóricas ministradas aos estudantes. Na medida em que as etapas forem concluídas, haverá um trabalho multidisciplinar abarcando Matemática, Português, Geografia, História, Ciências e Língua Materna Indígena. “Em Ciências, por exemplo, trataremos de temas como alimentos orgânicos e seus benefícios em relação a produtos industrializados”, conclui Temóteo.

O nome do projeto foi escolhido com o objetivo de valorizar a cultura indígena local. O professor pretende estimular o máximo possível a língua materna dessa população, visto que, assim como outros costumes, ela vem sofrendo com o processo de aculturação. De 150 habitantes, por exemplo, menos de dez dominam a língua wapixana.

Merenda agroecológica: escola cearense cria horta e viveiro para melhorar alimentação e complementar a renda da sua comunidade

A cidade cearense de Jaguaruana localiza-se a cerca de 150 quilômetros da capital, Fortaleza. O município é responsável pela merenda enviada à Escola de Educação Fundamental Nossa Senhora do Livramento, situada no Assentamento Bela Vista. Segundo a professora Maria Elisabete da Silva, a alimentação dos alunos é composta de suco com bolacha, cuscuz com rapadura, sopas e mingaus, sem frutas e verduras. Além do mais, todo os complementos são adquiridos fora do assentamento – que fica a 18 quilômetros da cidade – e os moradores não têm informações de controle de qualidade. Agora, com 6,2 mil reais recebidos pelo 2º Prêmio Minha Comunidade Sustentável, a professora Maria Elisabete espera reverter a situação.

Para tanto, o Projeto Horta e Viveiro Agroflorestal Comunitários visa utilizar uma área de 1 hectare para ser usada em plantio. Nessa área serão utilizados princípios da agroecologia como compostagem, adubo orgânico e controle de pragas e doenças. Com isso, além de capacitar os alunos e possibilitar experiências pioneiras na área de agroecologia, serão adicionadas à merenda escolar frutas e verduras. A escola também já recebeu o apoio da prefeitura para fazer respeitar a Lei Federal 11.947, de junho de 2009, que obriga a merenda escolar a conter ao menos 30% de alimentos comprados de agricultores familiares – no caso do assentamento. “Isso traz uma renda complementar à comunidade”, explica Maria Elisabete, que também é gestora do Horta e Viveiro Agroflorestal. O objetivo da professora é que todas as frutas e verduras passem a ser produzidas dentro do assentamento Bela Vista, deixando para a prefeitura apenas produtos não cultivados pelas famílias, como arroz e macarrão.

Desde o início do ano, os 404 alunos de Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA) da instituição participam de atividades de conscientização sobre agroecologia. Agrônomos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural já realizaram dois cursos – sobre olericultura e viverística – com os estudantes. As técnicas de cultivo aprendidas nessas aulas são repassadas aos moradores do assentamento, para que eles possam reproduzi-las em suas terras. Em troca, parte da madeira necessária para a construção do viveiro e da horta foi doada pela comunidade.

Reflorestamento
A recuperação de áreas desmatadas é uma das prioridades do projeto. Segundo Maria Elisabete, antes da criação do assentamento, há 14 anos, a região era utilizada por empresas para o cultivo de melão, uva e legumes. Mesmo com o fim dessa atividade, a perda de mata nativa não foi interrompida, uma vez que as famílias de assentados tinham na mata um meio de subsistência, com a extração de madeira para lenha. Além de trabalhar com os alunos a sensibilização dessa população para a preservação da vegetação, a escola armazenará no viveiro mudas de angico, sabiá, aroeira, imburana, cumaru, juazeiro, jucá e tamarindo, para serem plantadas posteriormente nas regiões descobertas.

Pela preservação do Cerrado: graças às queimadas, povoado no Tocantins sofre com a perda da biodiversidade. Ação de escola visa reverter o quadro por meio da conscientização e do replantio de mudas

No povoado de Centro dos Borges, distante 18 quilômetros do município de Riachinho, em Tocantins, habitam cerca de 2 mil pessoas. Parte dessa população se divide entre três assentamentos, criados há mais de 20 anos após um loteamento de terras promovido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o Incra. A coleta de lixo de Riachinho passa por Centro dos Borges apenas uma vez ao mês, frequência insuficiente para atender à demanda. Por isso, a maioria dos moradores queima resíduos domésticos nos quintais de suas casas. “A fumaça chega a prejudicar o andamento das aulas”, diz a professora da Escola Municipal Tancredo Neves, Vilma Francisca de Sousa Pereira, que também é gestora do projeto Controle e Uso Racional do Fogo no povoado de Centro dos Borges, um dos vencedores do 2º Prêmio Minha Comunidade Sustentável.

As ações da iniciativa visam atingir dois objetivos principais: conscientizar a comunidade a substituir a queima de entulhos por aterros e coleta seletiva, além de promover o reflorestamento das áreas de cerrado desmatadas para ajudar no sequestro de carbono. A primeira meta já está em execução. O problema foi apresentado aos alunos e a escola estabeleceu parcerias com a Secretaria de Meio Ambiente e Ecoturismo de Riachinho e o Naturantins (Instituto Natureza do Tocantins). Este envia profissionais para ministrar palestras de conscientização ambiental aos discentes. Com parte dos 13 mil reais recebidos pelo Minha Comunidade Sustentável, os estudantes confeccionarão cartazes, faixas e banners para participar de caminhadas educativas e mutirões de limpeza. Para complementar, a escola adquiriu recipientes instalados no povoado para que a seleção de resíduos se torne permanente. “Queremos que o recolhimento do lixo pela prefeitura passe a ser semanal”, conclui Vilma.

Os cerca de 400 alunos da Tancredo Neves também serão ativos no segundo objetivo do projeto, uma vez que estão a cargo do plantio de mudas nativas nas regiões sem vegetação. A professora Vilma conta que as famílias no povoado fazem as queimadas para propiciar o plantio de arroz, feijão, milho e fava, além de frutas, como banana e melancia. O projeto não visa interromper totalmente as queimadas, uma vez que essas lavouras são fontes de sustento aos assentados, mas amenizá-las o máximo possível. “Estamos trabalhando para que o município empreste tratores aos agricultores, para que a terra possa ser arada e não seja preciso atear fogo na mata todos os anos”, explica Vilma.

Com os recursos, a escola comprará materiais para a construção de uma estufa, onde as mudas serão cultivadas e armazenadas. Especialistas do Naturantins auxiliarão na montagem do viveiro, que cultivará ipês, pés de jambo, murici, caju e manga, árvores e frutas que em pouco tempo serão muito mais presentes na paisagem de Centro dos Borges.

Na mira dos alunos

Professores são alvo de estudantes que, por causa de uma nota baixa ou pura implicância, usam a internet para humilhá-los publicamente

As tecnologias da informação e comunicação, os computadores e os celulares tornaram-se meios facilitadores para publicar imagens e comentários depreciativos. Em blogs, fotologs e redes sociais, alunos ofendem e fazem chacota de seus professores ou demais funcionários da escola, com discursos de ódio que muitas vezes incidem em crimes de injúria, calúnia e difamação. Essa “nova moda” tem nome e chama-se ciberbullying, uma violência virtual que se multiplica de maneira inimaginável na internet.

Nos softwares sociais, como o Facebook, Bebo, MySpace, Linkedin, Hi5 e Orkut, esse último preferido entre crianças e adolescentes e que mantém hegemonia no País com 26,6 milhões de perfis. Comunidades são criadas para expor críticas e rejeição a um determinado professor. Assim, alunos buscam ofender e ridicularizar a figura do docente, usando imagens de animais (burro, macaco), bruxas, caveiras ou até mesmo com algum desenho pornográfico.

No Orkut, eles encontram um canal extremamente eficiente para poder extravasar suas desilusões, alegrias, frustrações e, principalmente, ódio e ressentimento com relação a uma nota baixa que tiraram em alguma avaliação da aprendizagem.

Nas comunidades, fotos de professores recebem efeitos especiais negativos. Internautas, de maneira anônima ou não, os criticam sem qualquer censura, fazem votações on-line para humilhar o alvo de seus ataques.

Essas comunidades afetam os professores de forma sucessiva e sua imagem é prejudicada e exposta a vários alunos de diferentes séries da escola, que podem, inclusive, participar postando mensagens ofensivas. Lidos por uma quantidade grande de alunos, esses comentários criam e disseminam uma imagem negativa do professor.

IMAGEM DA PROFISSÃO
Os efeitos do ciberbullying podem ser ainda mais graves que os efeitos das agressões físicas, pois têm potencial muito maior de macular a imagem das vítimas e, de certa forma, é mais seguro para os agressores, por conta do suposto anonimato da internet.
Esse tipo de violência tem contribuído ainda mais para fazer aflorar a questão da insatisfação dos professores no magistério, um tema que tem sido objeto de estudos cada vez mais frequentes nos últimos anos, tanto no Brasil como em outros países. Fatores como o estresse da profissão, associado ao excesso de trabalho, baixos salários, desvalorização profissional, dificuldades materiais, indisciplina do aluno e violência na escola, entre outros, são entendidos como causadores do chamado “Mal-estar docente”.
Essas situações podem ainda levar à manifestação de uma síndrome denominada Burnout – um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, cuja causa está intimamente ligada à vida profissional. A síndrome de Burnout (do inglês to burn out, queimar por completo) foi assim denominada pelo psicanalista nova-iorquino Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, no início dos anos 70.
É preciso atentar para a gravidade da questão. No entanto, decisões provisórias, sem o enfrentamento cuidadoso do problema, só vão continuar a manutenção do efeito negativo na saúde do professor e desenvolvimento do ensino e aprendizagem de crianças e adolescentes.
As escolas devem saber das medidas judiciais que professores podem tomar e ações pedagógicas que podem ser implementadas. Sem isso, os alunos continuarão a repetir essas atitudes porque terão certeza da impunidade. Vão continuar sentindo-se à vontade para arruinar a imagem do professor ou de qualquer outra pessoa. Dar essa permissão é comprometer a própria formação do aluno.

MEDIDAS PREVENTIVAS
As vítimas de ciberbullying têm o direito de prestar queixa e pedir sanções penais. Caso o autor das ofensas tenha menos de 16 anos, os pais serão processados por injúria, calúnia e difamação. Se tiver entre 16 e 18 anos, responderá com os pais. E se tiver mais de 18 anos, assumirá a responsabilidade pelos crimes.
Para garantias legais, salve e imprima as páginas da internet onde foram divulgadas as mensagens de difamação ou ofensa sofrida e procure testemunhas. Não hesite em prestar queixa em delegacia comum ou naquela especializada em crimes virtuais, se houver uma em sua cidade.

Outras dicas pedagógicas são fundamentais e podem ajudar na conscientização dos alunos: dialogue com eles sobre o ciberbullying, para que não vejam esse ato como brincadeira.

Mostre a repercussão e a responsabilidade jurídica que esses atos podem levar. Converse também com os pais, realize palestras com toda comunidade escolar. Verifique se o regimento interno da escola prevê sanções a quem pratica atos agressivos. Em caso negativo, discuta com colegas gestores a possibilidade de incluir o tema.

Participe mais das redes sociais na internet, expresse suas opiniões, combata as agressões com diálogo; é preciso assumir os espaços das redes sociais como espaço de aprendizagens, cooperação e formação. Conheça as representações que os alunos possuem sobre sua prática pedagógica e reflita sobre elas. Assim, poderemos começar a trilhar um caminho mais eficaz em relação ao combate do ciberbullying.

domingo, 24 de outubro de 2010

GDE

GDE - Gênero e Diversidade na Escola, este é o título da pós-graduação que comecei a fazer neste sábado pela UFG-UAB Catalão... É um tema muito interessante que carrega consigo séculos de preconceito e todo um movimento nada atual para se fazer alguma coisa no sentido de mudar a realidade. É difícil falar sobre o tema, pois somos todos "inocentes" e ao mesmo tempo "culpados" porque estamos inseridos dentro deste processo quer queiramos ou não. As diferenças, a diversidade, está latente em nossa vida, mas prefirimos nos omitir, "fazer de conta que não existe", nos escondemos da vida e do mundo e, desta forma, nos acovardamos ao invés de nos expor, de expor nossos medos e procurar, ao mesmo tempo em que reconhecemos as diferenças, lutar para que estas sejam respeitadas. É um tema muito polêmico, mas que nós educadores temos como dever compreender e trabalhar para que a discriminação e a intolerância fiquem no passado.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Os homens, o amor e a fidelidade

Não existe homem fiel. Uma afirmação tão categórica desperta reação indignada.“Ah, o meu marido é fiel, tenho certeza.” “Nunca traí minha mulher, eu a amo.”Entre essas convicções, existe um oceano de nuances. Como definir a infidelidade? Frequência dos casos, envolvimento sentimental, distância geográfica e o nome da amante – tudo conta? Segundo uma psicóloga francesa, a fidelidade masculina é tão rara que a mulher deveria parar de se preocupar: “O homem costuma trair também quando ama”.

Autora de Les hommes, l’amour, la fidélité, livro recente ainda não editado no Brasil, Maryse Vaillant não se baseou em estatísticas, mas em dezenas de entrevistas. Sua preocupação não foi quantificar infiéis ou traídas. Mas entender por que os homens têm muito mais aventuras – e o que isso tem a ver com amor ou desamor. Seriam eles eternos meninos, pulando a cerca sempre que a cerca fosse irresistível?

“Eu gostaria sobretudo que as mulheres parassem de pensar que a culpa é delas quando seu homem as trai. As mulheres não são responsáveis pela libido dos homens”, me disse Maryse numa conversa em Paris. “Não sugiro que elas devam ser mais tolerantes com as pequenas infidelidades do marido. Cada mulher é de um jeito e sabe o que é essencial com o homem ou os homens de sua vida. Não existe uma norma.”

No livro, conhecemos Ben, “o monogâmico infiel e mentiroso que só ama sua mulher oficial”. É um perfil bem comum. Adora a mulher e os filhos, idolatra a família, valoriza o trabalho. Mas não se imagina abdicando de seus casos sexuais, nunca amorosos. Nada que ameace a família ou magoe a mulher. É discretíssimo, mais cuidadoso ainda nestes tempos de internet. Ele se casou para toda a vida. As outras só importam porque o fazem se sentir atraente e vivo. Ben não se considera infiel.

Outros perfis de homens: o polígamo ansioso, que quer ir para a cama com todas. Liberdade sim, casamento nunca. “Esse homem imaturo é cada vez mais frequente, mas especialmente na juventude”, diz Maryse. Só que alguns jamais passam desse estágio. Ou passam, mas voltam sôfregos à ativa muito depois, com a ajuda de medicamentos e a ingenuidade da velhice.

Para uma psicóloga francesa, os homens fiéis são tão raros
que a mulher nem deveria se preocupar

Há os infiéis crônicos, que se apaixonam também pelas amantes. “Esses continuam a aumentar – junto com os divórcios. Associam casamento à paixão e vão buscando outras eternamente. São homens meio perdidos que acham que só as mulheres podem ajudá-los a crescer e amadurecer.” Existem os fiéis cativos e obsessivos, mas “esses têm ciúme até do passado da mulher e podem se tornar violentos”. Por fim, o espécime raro e sonhado por tantas mulheres: “o fiel por alegria e convicção”. Seria um perfil mais comum entre casais de meia-idade, que começam uma relação madura e plena após alguns insucessos.

Não há novidade no fato de que homens traem mais que mulheres – e mais por sexo que por amor. É um traço cultural, mas eles também se sentem mais livres por não engravidar nem dar à luz. Isso tudo nós já sabemos, e alguns de nós já enfrentamos com mais ou menos inteligência, valentia e sofrimento.

O livro é mais provocador ao admitir a infidelidade breve e discreta como experiência salutar e até necessária ao sucesso de alguns casamentos. “Neste caso, a infidelidade não é uma prova de amor ou desamor, mas uma prova de liberdade.” E para a mulher? “Para algumas mulheres, que conseguem separar sexo de sentimento, o mesmo ocorre. Mas a maioria delas tem outras prioridades, como o casal e a família”.

Perguntei a dois amigos casados se um homem pode ser fiel por longos anos a uma única mulher. “É possível, mas dói”, respondeu um. “Não existe homem mais fiel do que eu”, disse o outro. “Ahn, aquele caso? Aquilo só foi uma escorregadela.”

Maryse queria que as mulheres sofressem menos depois de ler o livro. Que soubessem que nunca poderão impedir uma traição se tiver de acontecer. Que jamais terão controle sobre a libido de seus homens, por mais que os fiscalizem. Que, se forem traídas, não significará que não são amadas. Será que serve de consolo? Melhor relaxar... e – quem sabe? – experimentar.

A mulher, o amor e a fidelidade

Mulheres traem pelo mesmo motivo que homens: por desejo, por vontade. A diferença é que elas costumam culpar o marido ou o namorado. “Ele não me dava mais atenção”, dizem. “Não era mais romântico, não me elogiava, nem sexo queria.” O livro mais recente da antropóloga Mirian Goldenberg desfaz o mito de que o homem trai por sexo e a mulher trai por amor ou desamor. Se assim fosse, o homem seria sempre culpado: quando trai e quando é traído. Não é justo com eles.

Homens e mulheres gostam de acreditar que o marido é safado por natureza, e a mulher casada é santa por dedicação. Esses rótulos podem parecer convenientes, mas contaminam as relações amorosas. Trabalhando há 22 anos com dilemas de casais, Mirian diz, em seu livro Por que homens e mulheres traem?, que a maior diferença entre eles e elas não é o comportamento, mas o discurso.

“Em vez de assumirem o desejo, as mulheres preferem se fazer de vítimas. Sentimentalizam o caso extraconjugal e botam a culpa no marido. Os homens assumem ter sido infiéis porque quiseram. Raramente culpam a própria mulher.” Cada vez mais, porém, a infidelidade feminina segue os mesmos padrões da infidelidade masculina. No livro da antropóloga, “Mônica” é uma mulher dos novos tempos. “Ela está muito bem em seu casamento e ama o marido. Mas surge um desejo sexual louco e novo em sua vida e ela se joga nele. Rompe a calmaria porque decide viver seu próprio prazer.”

O desejo de se sentir desejada conduz a pequenas e grandes infidelidades femininas. As mulheres escutaram, quando crianças, que seu maior objetivo na vida seria casar e ter filhos. No futuro, elas teriam um único homem para chamar de seu. E seriam únicas para um homem só. A idealização da monogamia romântica não mudou muito, mas a realidade a longo prazo é bem outra.

Mulheres são um pouco Leila Diniz no exercício da sedução, mas não necessariamente na transgressão. As obrigações sociais jogam sua libido num lugar invisível e inatingível. Várias sublimam o prazer ao assumir o papel de mãe. Isso não significa que abram mão de suas fantasias. Conheci mulheres absolutamente certinhas, monogâmicas, que casaram virgens e têm sonhos delirantemente libertários.

O homem seria sempre culpado? Quando ele
trai, é safado. Quando é traído, é relapso

Algumas não se contentam em fantasiar. Catherine Deneuve, em A bela da tarde, de Buñuel, é uma das personagens mais enigmáticas do cinema. Bem casada, rica, belíssima, ela se entrega a desconhecidos após o almoço como prostituta de luxo. É um exemplo extremo de desvio. Mas, se a infidelidade feminina fosse apenas um fetiche, Nélson Rodrigues não teria tocado com tanta propriedade a alma da classe média brasileira. Novelas como a atual Passione soariam falsas. Ali, as protagonistas traem compulsivamente, das cinquentonas às ninfetas. Traem por desejo, por sexo, por diversão.

O psicanalista Contardo Calligaris acha que as mulheres são tão infiéis quanto os homens. Não vê nisso um problema. “As mulheres só são campeãs na fidelidade companheira e solidária. Em hospitais ou presídios, os visitantes são mulheres. Mas, sexualmente, não vejo diferença. Caso contrário, existiria um problema lógico. Se os homens heterossexuais são infiéis, quem são suas amantes – todas solteiras e livres ou também casadas e namorando outros?”

Contardo acha a palavra infidelidade muito pesada para a traição puramente sexual: “Jamais deixaria minha mulher se ela me contasse algo parecido. Mas sou fiel. Acho um saco trair. Ter outra relação dá um trabalho horroroso”.

Nos tribunais do Rio de Janeiro, recentemente, o juiz Paulo Mello Feijó ignorou o pedido de indenização por danos morais de um marido traído. Para o juiz, marido traído é marido relapso. “Homens de meia-idade, já não tão viris, descarregam suas frustrações nas mulheres, chamando-as de gordas e deixando-lhes toda a culpa por seu pobre desempenho. E elas buscam o prazer em outros olhos, outros braços, outros beijos (...) e traem de coração.”

A ideia de que a mulher só trai por razões sublimes, “de coração”, não corresponde à realidade. Se ela for infiel, será por desejo e por vontade própria.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Parabéns aos Professores pelo seu dia

Obrigado professor!
Por ter em mente que um dia serei gente.
Obrigado professorpelas broncas que me deu pois sem elas não poderia chegar até aqui.
Obrigado professor por até hoje me aturar apesar das minhas travessuras jamais deixou de me ensinar.
Obrigado professor por entrar em meu caminhosempre me tratou com amor e muito carinho.
Obrigado professor por sempre me ensinar por isso e outras coisas sempre irei te amar.
Obrigado professor por me oferecer alegria, agora curta seu merecido dia. Jhonatas Santos
Feliz dia dos Professores!

Oração do Professor

Obrigado, Senhor, por atribuir-me a missão de ensinar
e por fazer de mim um professor no mundo da educação.

Eu te agradeço pelo compromisso de formar tantas pessoas e te ofereço todos os meus dons.

São grandes os desafios de cada dia, mas é gratificante ver os objetivos alcançados, na graça de servir, colaborar e ampliar os horizontes do conhecimento.

Quero celebrar as minhas conquistas exaltando também
o sofrimento que me fez crescer e evoluir.

Quero renovar cada dia a coragem de sempre recomeçar.

Senhor!
Inspira-me na minha vocação de mestre e comunicador para melhor poder servir.

Abençoa todos os que se empenham neste trabalho iluminando-lhes o caminho .

Obrigado, meu Deus,
pelo dom da vida e por fazer de mim um educador hoje e sempre.

Amém!

Saúde Atenção com nossas crianças

O feriado do dia 12 de outubro celebra Nossa Senhora da Aparecida. Além do feriado cristão, a maioria dos brasileiros comemora nesta data o Dia das Crianças. Como profissional da Educação Física, tenho más notícias, pois as estatísticas mostram que não temos muito o que comemorar: no Brasil, há um aumento na incidência de sobrepeso em crianças e adolescentes, entre 6 e 18 anos, de 4,1% para 13,9%, no período entre 1975 e 1997. E há dados mais recentes, mostrando que essa tendência só tem aumentado. Isso me preocupa, como profissional e como pai também.

Já escrevi sobre este assunto em algumas oportunidades, como no texto “E a televisão? Engorda?”, que tratou da relação entre o tempo de permanência na frente da TV e o sobrepeso em adultos, mas principalmente em crianças. Sabemos que as crianças dos dias atuais não podem mais brincar nas ruas, por causa do tráfego intenso e da falta de segurança, mas temos que propor alternativas para que elas não se tornem adultos sedentários, arcando com as consequências nocivas deste hábito.

Um estudo recente (*), realizado por um grupo de pesquisadores brasileiros, aponta para a relação entre o nível de atividade física entre as crianças e a tendência à obesidade.

Já se sabe também a importância da influência dos pais para que os filhos adquiram hábitos saudáveis, como praticar atividade física e adotar uma alimentação saudável. Em outras palavras, os adultos precisam dar o exemplo e orientar crianças e adolescentes a se tornarem conscientes da responsabilidade que é cuidar da própria saúde.

Competir com a TV, o videogame e a “batata frita” não é tarefa fácil. Mas cabe aos adultos determinar o quanto e como nossas crianças podem consumir tudo isso. Damos o exemplo quando chegarmos em casa suados, depois de praticar alguma modalidade esportiva. E, sempre que possível, devemos fazer brincadeiras, jogos e tudo que envolve atividades motoras com eles. Assim, crianças e adultos saem ganhando, sob diversos aspectos.

(*) Guimarães, L. V.; ET. AL. 2006. Fatores associados ao sobrepeso em escolares. Rev. Nutr., Campinas, 19(1):5-17, jan./fev.

Por Renato Dutra

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sobre a vida...

O mundo não é o que queremos, ou como queremos. Ele simplesmente está aí, moldado por milhares de anos de "posse" do ser humano.... Nós temos que nos adaptar a ele para viver sem que isto se torne um sacrifício. Quando você começa a lamentar sobre tudo, sobre todos e a achar que a vida é um sacrifício, é chegada a hora de refletir sobre o que queremos nesta vida... Temos que ter objetivos e não apenas viver por viver, apenas existir... Se você não almeja nada na vida, ela simplesmente deixa de fazer sentido... mesmo que seja ver seus filhos bem, com um bom futuro, bem encaminhados, mas temos que ter um desejo de futuro... É triste quando vemos pela vida pessoas que sabidamente vão ter pouca oportunidade na vida, pessoas que até teriam futuro com alguma oportunidade, mas que estão jogadas na vida, mesmo assim estas pessoas têm esperança, acreditam que tudo pode melhorar, elas são ao mesmo tempo simples "massa", mas um exemplo de que podemos acreditar e ter esperança em dias melhores. Acredito que mesmo nas mais miseráveis famílias, nos mais inóspitos locais, a esperança e a fé se traduzem em uma expectativa de melhorias. Hoje, mais que antigamente, está mais fácil sobreviver as dificuldades, temos mais recursos, mas possibilidades de estar ligados ao mundo externo. É possível ver que famílias que viveram a 30 anos atrás encontravam muito mais dificuldade para conseguir as condições mínimas de vida, hoje, famílias que vivem nas mesmas localidades se defrontam com o "progresso". Ficamos estarrecidos quando ouvimos falar que alguma localidade na zona rural ainda não têm energia elétrica, o que a tempos atrás era a coisa mais comum. Portanto, vamos mais que viver, vamos procurar sentido para nossas vidas e construir algo que nos fará ser alguém de verdade.