sábado, 30 de novembro de 2013

Educar hoje para colher amanhã

Transformações nos sistemas educacionais provocam mudanças em longo prazo, causando impactos em todas as áreas de um país. Exemplos como a Finlândia, Coreia do Sul e Japão mostram que boas mudanças sustentadas por décadas alavancaram esses países colocando-os em situações privilegiadas em vários aspectos, inclusive economicamente. E quando as transformações necessárias são negligenciadas, feitas em uma velocidade mais lenta do que a realidade mundial impõe ou feitas de forma incorreta? Como ficam esses países? O relatório da Consultoria McKinsey, “Como os sistemas escolares com melhor desempenho no mundo chegaram ao topo”, indica que os principais fatores de sucesso dos países melhores colocados no PISA (Programa para Avaliação Internacional de Alunos) são: 1) Capacidade de atrair para a carreira docente os estudantes de ensino médio com melhor desempenho; 2) Formação para o magistério de alta qualidade. Duas chaves do sucesso dos países que fazem a lição de casa. Andando na contramão desses indicadores de sucesso a carreira docente no Brasil é uma das menos desejadas e que atrai os alunos com menor desempenho no ensino médio. Segundo pesquisa elaborada pelas Fundações Carlos Chagas e Victor Civita, sobre a atratividade da carreira docente no Brasil, apenas 2% dos estudantes do Ensino Médio optam por graduações de pedagogia ou licenciaturas, sendo que as notas do ENEM obtidas por eles são, na média, as mais baixas. Quanto à formação docente, os estudos dessas Fundações indicam que as faculdades de pedagogia não dão o embasamento necessário para que os futuros educadores possam lidar com sua tarefa de ensinar. A mesma pesquisa mostra que as licenciaturas têm foco quase exclusivo no conteúdo das disciplinas e pouca atenção no desenvolvimento de competências pedagógicas. Se colhermos aquilo que estamos plantando, teremos sérios problemas pela frente. Sendo assim, a educação precisa ser colocada com urgência como prioridade nacional e uma reforma estruturante de longo prazo precisa se consolidar para mudarmos a direção que estamos caminhando. Aumento salarial dos professores, reestruturação curricular das formações docentes e investimento em infraestrutura das escolas, são algumas das ações óbvias para essa fundamental transformação. >> Este artigo foi escrito por Luciano Diniz, coordenador da pós-graduação em Educação Integral Transformadora da Associação Gente de Bem.