domingo, 5 de janeiro de 2014

Educar para um mundo novo: É proibido aprender?

A Terra é um planeta escola e não uma colônia de férias como nós gostaríamos. Estamos aqui para aprender a ampliar nossa consciência; e não, a passeio – mas, sei lá quando e onde; algum mestre maluco ditou que é proibido aprender e poucos questionaram. Sem medo de errar; eu digo que nossos problemas na existência decorrem da falta de educação; não da instrução pura e simples – mas, daquela educação que visa equacionar o teorema: Quem somos nós? O que fazemos aqui? Quem sou eu? Qual é meu projeto de vida? Adultos se colocam na condição de orientadores, cuidadores, professores, e alguns, até se atrevem a subir no pedestal de mestres das crianças. Acham que ensinam; mas, não deixam a criança aprender. Sim; na infância e até bem depois; é proibido aprender a ler os fatos mais básicos da vida. Enchemos a cabeça das crianças de teorias e de crenças com suas mentiras, meias verdades, paradoxos e paradigmas; apenas para referendar as nossas e defender nossos interesses. A criança é feliz, dentre outras coisas; porque não tem crenças; apenas observa, se extasia com a própria vida e a vive. Mas, o adulto já contaminado pelos sistemas de crenças não permite que ela aprenda através das lições mais elementares que se apresentam no dia a dia; tal como a lei de causa e efeito e a de retorno por sintonia. Muitos graduados ainda fazem aos outros; o que gostariam que não lhes fosse feito; pois, nenhuma instrução recicla a má índole – e quando do inexorável retorno; chiam, reclamam, maldizem a sorte; esbravejam contra Deus – e continuam na mesma toada, incorrigíveis; numa inglória luta; contra si mesmos, sua paz – mas, talvez seus pouco competentes pais; tentaram corrigi-los na base da “porrada”, na chinelada, do rabo de tatu, da varinha de marmelo; da havaiana 42. – ou o mais comum: não fizeram nem uma coisa nem outra; feito políticos em época de eleição: ficaram apenas no vazio discurso detonado pelos seus maus exemplos. A má índole deve ser detectada na infância. Em tempo: má índole não é transmitida via DNA; mas, que pode ser reforçada e aprendida; isso; pode. Quando não; a culpa é de seus instrutores (família) que não souberam identificar-lhes os impulsos – poderiam ter sido educados quando lhes fosse permitido experimentar do próprio remédio. Exemplo, os agressivos a se expressar naquelas coisas da infância: brigas na escola. Os agressores contumazes quando apanham; são logo defendidos com unhas e dentes pela família; que ás vezes, arma o maior barraco na escola para acoitar seu rebento. Pais coerentes deveriam aproveitar o recurso pedagógico que se criou e usar de bom senso do tipo: Filho gostou de apanhar do seu colega mais agressivo? – Não? – Então fique sabendo que as pessoas que você agride também não gostam! – Filho; roubaram sua borracha? – Gostou disso? – Não? – Então nunca pegue o que não lhe pertence! Crianças com essa má índole não iriam “causar” na vida como agressores explícitos ou os piores: os camuflados – no trabalho, nas relações, na política, etc. Voltemos ao ponto importante que queremos destacar: é urgente permitir que a criança aprenda! Pode parecer incrível esse alerta – mas é verdade, não damos permissão para aprender – O tempo todo enchemos a cabeça e o “saco” da criança de teorias, irritamos seus ouvidos com tanto falatório tão sem sentido quanto fora de hora; e não as deixamos praticar. Não permitimos experiências tão simples como a de vestir a roupa que deseja ou calçar o sapato que escolheu porque não combina ou não está na moda – uma das crenças castradoras: sempre a preocupação do que os outros vão pensar ou dizer sobre coisas fúteis e inúteis. Quando alguém tenta falar sério; lá vem o bordão dos escapistas: Nada a ver! Não deixamos que a criança amplie sua consciência, desenvolvendo a capacidade de cuidar de si mesma; e de responsabilizar-se pela própria vida nas pequenas coisas do dia a dia. E, as desculpas para essa atitude são tão variadas quanto incompreensíveis para quem usar de um raciocínio simples e lógico. O aprendizado não existe sem a prática ou o fazer para capacitar-se a dominar a experiência do simples em direção ao complexo. Onde estão os recursos pedagógicos? De que forma ajudar a criança a se tornar uma pessoa ética que se ama, que respeita o próprio corpo, que respeita as outras pessoas e o planeta? Como passar valores éticos é outra dúvida. Esse assunto é extenso; daí que voltaremos a eles. Primeiro, é preciso tê-los. É verdade que ainda não é fácil transmiti-los, pois o que a sociedade mais valoriza é o ter, possuir, aparentar a qualquer custo, não importa o preço a pagar; o diferencial de qualidade é não transformar essa realidade num anestésico de consciência; com as esfarrapadas desculpas de sempre: – Não adianta! Ninguém faz! Outra dúvida difícil de ser respondida – Qual a diferença entre boa e má educação? – A rigor não há boa ou má educação, pois cada um apenas pode oferecer o que dispõe. Embora não sirva como desculpa para tudo que poderia ter sido reciclado, o fato é que recebemos uma educação voltada para a instrução e para os olhos da sociedade. Nossos antepassados fizeram isso por amor, nossos pais também; então tenhamos em mente que no passado fizemos o possível dentro do nosso padrão de crenças, conhecimento e vontade. Nossos problemas de conflitos íntimos podem se exacerbar apenas, quando com o conhecimento de hoje, teimarmos em agir como se fazia antes – podemos arriscar um palpite: a melhor educação, talvez seja uma educação assentada na rocha da mais pura ética cósmica. Claro que mesmo ao final de qualquer bate papo; nós ainda podemos perguntar: Qual a melhor receita? Qual o melhor caminho para educar na vida contemporânea? Receitas prontas, não as há, até porque contraria a lei básica de progresso. Ao menos uma dica de solução? A arte de meditar, que deveria fazer parte dos hábitos da família e até matéria da escola; mas, enquanto ela não for instituída nós podemos nos virar com os conceitos básicos do Evangelho e de todos os outros sistemas de crenças semelhantes; pois as leis da ética cósmica são sempre as mesmas. Educar filhos é como trabalhar numa sementeira. Aos pais cabe apenas escolher as melhores sementes disponíveis e semear. A colheita dependerá de muitos outros fatores. Pessoas que desenvolveram a capacidade de encontrar um propósito para a própria vida e conseguem superar com serenidade os momentos de fracasso, perdas e rompimentos com certeza tiveram pais de boa qualidade. Muitos já disseram que: Para educar é preciso amar. Para instruir e treinar basta apenas um pouco de conhecimento e alguma técnica. Recordamos apenas que o conceito de amar envolve o de respeitar e cuidar; sem controlar nem impor condições, prazos ou custos; pois filhos são para sempre. Então, compartilhemos nosso aprendizado uns com os outros. E pelo amor de Deus! – Vamos permitir que as crianças aprendam com as próprias experiências; monitoradas com bom senso. Autor: Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos.