sexta-feira, 16 de junho de 2017

Quando a escola 'mata' o aluno

Fazendo leituras por aí, encontrei este texto e resolvi reproduzi-lo.

Texto de Érica Fraga

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ericafraga/2017/06/1892819-quando-a-escola-mata-o-aluno.shtml


"Se a escola destrói a autoconfiança do aluno, ela matou o aluno pobre."
Quando ouvi a frase acima durante entrevista recente com o pesquisador Ricardo Paes de Barros, foi como um soco na boca do estômago.
As palavras dele me remeteram a histórias que tenho escutado de pais convocados para reuniões escolares nas quais ouvem dos responsáveis pedagógicos que seus filhos são incapazes de acompanhar o ritmo, de se comportar ou de se concentrar.
Vou me restringir a narrar uma delas com algum detalhe aqui.
Há pouco tempo uma amiga psicóloga me contou que sua empregada doméstica chegou a sua casa aos prantos depois de participar de uma reunião na escola pública municipal do filho, localizada em um bairro de classe alta de São Paulo.
A convocação ocorreu porque o menino, de cinco anos, vinha apresentando comportamento desobediente e, por vezes, explosivo (como chutar brinquedos quando era contrariado por amigos).
Essa mãe foi recebida pela coordenadora pedagógica, que comandou a conversa, e por uma assistente de direção.
Começou ouvindo, segundo seu relato, que seu filho era o principal desestabilizador de sua turma, que tinha tendência à agressividade e era insubordinado. Assustada, a mãe começou a chorar.
Ela tentou contar algo positivo que pensava em fazer para ajudar o filho: colocá-lo no judô para aumentar sua disciplina e concentração.
A coordenadora teria retrucado que isso só iria piorar as coisas pois ele se tornaria ainda mais violento. E a mãe continuou chorando.
Em um momento, a coordenadora pediu que chamassem o aluno à sala. Quando a criança entrou, ouviu dela que era o responsável pelo estado emotivo de sua mãe e que, se ela perdesse o emprego por estar ali na hora do trabalho, a culpa seria dele.
O menino, claro, caiu no choro também.
A mãe ficou arrasada e envergonhada. Seu primeiro pensamento foi o de persistir na estratégia que já vinha tentando: brigar com o menino em casa e puni-lo com castigo.
Mas contou toda a história para sua empregadora, que, chocada, resolveu agir em duas frentes.
Confirmou para sua funcionária o que ela já suspeitava, que a profissional que a recebeu havia se excedido, e a orientou a mudar de estratégia com o menino, a falar que juntos iriam superar aquilo, que ela iria ajuda-lo, que ele conseguiria melhorar seu comportamento.
Minha amiga ligou também para a escola, se desculpou pela intervenção, mas argumentou que, diante da gravidade do fato, gostaria de conversar pessoalmente com a diretora.
Foi bem recebida pela profissional que contou ter assumido há pouco tempo, vinda de outro estabelecimento, e afirmou não estar presente no dia da reunião com a mãe.
A assistente de direção, que havia presenciado a conversa entre coordenadora e mãe, confirmou a maior parte das informações relatada por ela.
Alegou que não fez nenhuma intervenção porque, como a diretora, era recém-chegada ao estabelecimento, mas afirmou que elas estavam tentando mudar a atitude de profissionais como aquela coordenadora.
Minha amiga perguntou se elas conheciam a história do menino e da mãe, que foram abandonados pelo pai dele ainda na gravidez. As profissionais admitiram que não e que isso era uma falha.
Ela saiu da escola com a impressão de que as duas tinham sido sinceras e com uma ponta de esperança de que realmente estavam empenhadas em mudar as coisas.
Essa história é chocante. Chamar uma criança de cinco anos para assistir ao sofrimento da mãe e ainda dizer que ela é a causadora de tudo aquilo é mais do que despreparo e abuso. Entra na classificação de crueldade.
Será que acontecimentos assim são uma exceção? Quero muito acreditar que sim, mas, com base em outros relatos que ouço, não tenho certeza.
Por isso entendi Paes de Barros, que é economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper, quando ele afirmou que a escola pode matar o aluno.
É uma morte simbólica, da confiança, que geralmente deixa marcas.
Ele acrescentou que, embora isso também ocorra em escolas de classe alta, os pais, nesses casos, estão mais bem equipados para ajudar seus filhos a reconstruir sua autoestima.
Concordo. Mas, mesmo nessas situações, quando a escola sugere que o aluno é incapaz —ainda que a palavra usada não seja essa e que a abordagem seja mais polida—, há consequências.
A filha de uma família conhecida trocou de escola há pouco tempo porque "não estava acompanhando o ritmo" do estabelecimento, considerado muito puxado e exigente.
A transição não tem sido fácil. Ora ela se sente bem, mais valorizada na escola nova, ora se sente inferior aos amigos antigos que não precisaram fazer a mesma transição.
Parece que ainda falta compreensão sobre o verdadeiro papel da educação, que não é o de fazer com que todos cheguem ao mesmo patamar, mas ajudar cada um a atingir seu próprio potencial, a acreditar que tem uma vocação e a perseguir seus sonhos. 

quarta-feira, 7 de junho de 2017

A FORMA DE FALAR (LINGUAGEM), TAMBÉM É UMA FORMA DE EXCLUSÃO E DE PODER!

É ingenuidade achar que a linguagem existe para facilitar o entendimento e a comunicação, e que qualquer desvio desse caminho solar deve ser classificado como erro, ruído, falha. A LINGUAGEM É UMA FORMA DE PODER.
A linguagem tem seu lado iluminado e seu lado escuro. É feita para explicar e confundir, revelar e esconder, promover a compreensão e desnortear, incluir e excluir. Às vezes, faz tudo isso na mesma frase.
Nem tudo o que habita as regiões trevosas é ruim ou mal-intencionado. Acreditar nisso seria –mais uma vez– ingênuo, por pressupor a possibilidade de uma linguagem toda reta e franca.
É na escuridão ou na penumbra que nascem os textos sagrados, as fórmulas encantatórias, a criptografia, grande parte da literatura, as gírias e a língua cifrada dos amantes. Infelizmente, também vem de lá a vasta legião dos embromadores.
"Como Escrever Bem" (Três Estrelas), o clássico manual de escrita do americano William Zinsser, faz uma defesa intransigente da clareza do texto. A certa altura, volta sua artilharia para o lero-lero da política.
"Permanecem os motivos para sérias preocupações, e a situação continua muito séria. E, quanto mais ela continuar a ser séria, mais motivos haverá para estarmos seriamente preocupados", disse em 1984, sobre a crise política na Polônia, o então secretário de Defesa dos EUA, Caspar Weinberger.
Se incluísse a política brasileira em sua pesquisa, Zinsser teria tido tempo –morreu em maio de 2015– de se deliciar com esta joia incomparável da arca de Dilma Rousseff: "Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder".
O discurso político que, por ensaboamento ou desarticulação, tece uma capa de palavras em torno do seu vazio é só uma das modalidades de abuso da boa-fé pública que a linguagem possibilita.
Outra é o eufemismo descarado que transforma o fechamento da fábrica em "descontinuação da unidade de produção" e vítimas civis de bombardeios em "danos colaterais".
Há ainda o jargão cascudo dos especialistas, com seus hermetismos arquitetados para excluir da conversa a maior parte da humanidade. E muitas vezes, como ocorre no trololó acadêmico mais opaco, também para disfarçar seu núcleo feito de coisa nenhuma.
Nada disso é contingente, falha infeliz num projeto de comunicação. Trata-se de um sistema que usa como instrumento de poder a distribuição antidemocrática do conhecimento e da compreensão. E que defende seu direito à embromação de forma aguerrida.
Uma notícia da semana passada ilustra bem o parágrafo anterior. O economista-chefe do Banco Mundial, Paul Romer, foi afastado do comando do departamento de pesquisa da instituição por pressão dos subordinados.
Romer liderava uma cruzada para tornar mais clara a linguagem do banco. Nas palavras de Andrew Mayeda, o repórter da agência Bloomberg que deu a notícia, ele estava "frustrado com o estilo denso e enrolado de muitos dos relatórios do departamento" e pressionava seus subordinados a "escrever com mais clareza, usando a voz ativa para serem mais diretos".
Não sei se Romer era leitor de Zinsser, mas combatia o mesmo bom combate que o autor de "Como Escrever Bem". Perdeu, mas a luta continua.

7 sinais de que você está num relacionamento feliz, segundo a ciência (Para refletir)

Muitos relacionamentos passam por altos e baixos. Apenas alguns vão resistir à passagem do tempo.
Na ausência de uma bola de cristal que revele como será nosso futuro romântico, fomos buscar na ciência algumas evidências sólidas e até antiquadas de que nosso relacionamento é tão bom quanto achamos que ele é.
Veja sete sinais de que tudo vai bem com você e com o seu par.

1. Vocês dois já tiveram relacionamentos longos anteriores.

Ninguém gosta de ficar pensando em relacionamentos passados quando está apaixonado por uma pessoa nova. Mas, na realidade, lembrar dos amores passados pode nos ajudar em nosso relacionamento novo.
Segundo a Dra. Jacqui Gabb, especialista em relacionamentos, quem já amou antes não deve "fechar aquela experiência passada numa gaveta e esquecê-la". Em vez disso, é recomendável aprender com nossas experiências amorosas passadas, captando os sinais de alerta quando algo não vai bem e aprendendo quem merece continuar ao nosso lado.

2. Vocês se conheceram no Tinder.

...ou qualquer outro aplicativo online de namoro.
Um estudo descobriu que casais que se conheceram online, em vez de no trabalho ou em um bar, estão mais satisfeitos um com o outro, e as chances de seu relacionamento terminar são menores.
Segundo o estudo, "esses dados sugerem que a internet pode estar modificando a dinâmica e os resultados do casamento".

3. Vocês não postam fotos irritantes no Facebook.

Por mais que possa parecer tentador postar aquela selfie com a hashtag #metasdocasal no Facebook, um estudo constatou que os casais que não postam suas fotos em toda parte na internet geralmente são os mais felizes.
Isso é porque eles não ficam ansiosamente esperando que seu romance seja validado por outras pessoas. Lembre-se disso da próxima vez que estiver escolhendo o melhor filtro para otimizar as fotos tão descoladas de vocês dois.

4. Vocês dois curtem assistir ao Netflix juntos.

É a terceira noite de sexta-feira seguida que vocês dois pedem um jantar para delivery e se preparam para curtir horas diante da televisão. Pode parecer que vocês não estão tendo uma vida social incrível, mas, segundo pesquisadores, assistir a filmes e seriados juntos faz bem para os relacionamentos e para sua saúde.
Supostamente, fazer isso melhora a qualidade do tempo que vocês passam juntos. Evidentemente esses pesquisadores nunca viram vocês dois discutindo sobre spoilers de "Game of Thrones"....

5. Vocês dois se lembram de elogiar um ao outro.

Todo o mundo gosta de ouvir um elogio. Mas em um relacionamento estável, é fácil as pessoas se habituarem uma com a outra e deixar que falar bem uma da outra fique parecendo algo forçado.
Você vai gostar de saber que a ciência recomenda fazermos mais elogios aos nossos companheiros e lhes dizermos "obrigado" com mais frequência. Essas duas coisas estão entre os fatores mais importantes para manter seu relacionamento saudável.

6. Vocês fazem sexo uma vez por semana.

Se você estiver preocupado, pensando que as outras pessoas transam mais que vocês dois, sentirá alívio ao saber que, para um relacionamento feliz, o melhor é fazer sexo apenas uma vez por semana.
É claro que passar a noite com seu amor mais que uma vez por semana não fará mal nenhum, mas também não fará diferença para o nível de felicidade de vocês dois. Então talvez vocês prefiram conservar um pouco de sua energia.

7. Vocês dois não tiverem filhos juntos.

Talvez este não seja seu plano para sempre, mas curtam seus anos juntos sem filhos. Um dos maiores estudos de relacionamentos já conduzido no Reino Unido revelou que, se vocês quiserem ser superfelizes, é melhor não terem filhos.
Homens e mulheres sem filhos ficam mais satisfeitos com seus relacionamentos e têm mais chances de se sentirem valorizados por seus companheiros.