quarta-feira, 18 de junho de 2014

COPA E EDUCAÇÃO


A euforia (que espero que não acabe) dos brasileiros com a Copa do Mundo me fez lembrar uma declaração do economista Cláudio Moura Castro a respeito dos motivos de ainda não termos avançado tanto quanto desejaríamos em educação.
Moura Castro afirmou, certa vez, que o Brasil não avançava tanto na educação porque o ensino não era prioridade da família brasileira, perdendo até mesmo do futebol. Ele arrematava dizendo que, se os brasileiros se preocupassem tanto com educação quanto eles se preocupam com futebol, estaríamos em outro patamar.
A afirmação faz todo sentido. Somos, talvez, os torcedores mais críticos com a nossa seleção entre todos os participantes da Copa. Até a vitória com a Inglaterra, muitos jornalistas e torcedores ainda criticavam a atuação do time de Scolari.
Isso mesmo após o time ter ganho quatro partidas seguidas, ter feito 13 gols e sofrido apenas 3 e ter o melhor rendimento entre todos os participantes.
O Brasil passava de fase, mas os torcedores queriam mais: queriam que o time jogasse com qualidade.
Era assim que deveríamos nos comportar com nossa educação. A mesma pressão que fazemos para que o time jogue bem, cada pai deveria fazer para que seu filho e sua escola apresentassem resultado e jogassem de forma entrosada.
Na copa individual de cada um da educação, também cobraríamos com rigor qualidade no ensino. Não basta o aluno passar de fase (ou de ano). Cobraríamos que ele atuasse (aprendesse) bem, com qualidade, respeitando o técnico (professor), jogando para o grupo (com os demais alunos), mas sem ignorar suas características pessoais de jogo (seu talento).
E, quando as coisas fossem de mal a pior, poderíamos, em vez de falar mal de nossos alunos (jogadores), cobrar duramente melhorias do técnico (professor), da escola (CBF) e, principalmente, de nossos dirigentes (políticos).
Nesse ponto, apenas o cartão vermelho deveria ser abolido. Jogador que não se comportasse (assim como o aluno que não aprende), deveria ter atenção redobrada, para ficar no mesmo nível dos demais.
Afinal, não basta termos um ataque (ou uma elite) no nível dos melhores do mundo se o meio-campo, a defesa e o banco de reservas estiver em nível muito abaixo de uma média aceitável.
Para vencer a Copa, todos sabem que é preciso ter conjunto. No mundo globalizado e competitivo da educação, também precisamos garantir que todos os brasileiros tenham o mesmo nível educacional, para, aí sim, deixar aflorar os talentos individuais que podem fazer a diferença.

sábado, 7 de junho de 2014

Vivemos tempos de mudanças...

Vivemos tempos de mudanças... Esta afirmação, feita pela primeira vez há mais de 3 mil anos por filósofos gregos que começavam a refletir sobre os efeitos das escolhas sobre o futuro das gerações, nunca pareceu tão atual como nos dias de hoje. As transformações que observamos em nosso cotidiano, extrapolam os avanços tecnológicos e científicos, e alcançam o comportamento das gerações mais jovens, alterando completamente suas atitudes e escolhas. Fatores históricos contribuem para esta nova realidade. Estamos vivendo, pela primeira vez em nossa história, a realidade de termos 4 gerações interagindo, interferindo e simultaneamente, atuando no mercado de trabalho. Isto tem criado alguns cenários novos e turbulentos, principalmente nas empresas. Profissionais mais experientes estão adiando seus planos de aposentadoria, por sentirem-se produtivos e considerarem que ainda podem contribuir muito em suas atividades. Contudo, estes mesmos profissionais, sentem-se ameaçados pela redução de suas energias e pela falta de uma qualificação mais atualizada, principalmente com relação aos modernos recursos tecnológicos, cada vez mais exigidos. Na outra extremidade deste cenário, encontram-se jovens cada vez mais habilitados, com diversas certificações e títulos, com uma intimidade total com novas tecnologias, e literalmente aflitos por receberem desafios para as suas qualificações. Entretanto, os jovens de hoje, conhecidos como Geração Y, sabem que não possuem experiências suficientes para os grandes desafios e, mesmo possuindo uma dose de ousadia muito superior do que nas as gerações anteriores, relutam em focar suas expectativas em projetos tradicionais, onde os desafios já são conhecidos e estão superados. Situações como estas, tem provocado uma nova interpretação para os Conflitos de Gerações, que desde o final da Segunda Grande Guerra Mundial, tem se convencionado considerar, períodos de 20 anos para estabelecer uma nova geração. Desta forma temos as seguintes gerações atualmente: A geração Belle Epoque ou Tradicional, composta por pessoas nascidas entre 1920 e 1940. Conhecidas por sua dedicação ao trabalho, disposição ao sacrifício, senso prático e respeito a hierarquia. A famosa e estruturada geração Baby Boomers (1940-1960), sempre otimista, focada, auto-motivada e com uma disposição para quebra de regras e estruturas. A cética geração X (1960-1980), que assistiu toda rebeldia e contestação dos anos 60 e 70, mas assumiu uma postura apática aos interesses coletivos, inclusive familiares, buscando desenvolver prioritariamente a competência individual. E por fim, a conectada geração Y (1980-2000), que surge com uma postura muito mais decidida e direta, sem receio de questionar e apresentar idéias, muitas vezes radicais. Muitas questões surgem quando se analisa o jovem da geração Y, contudo é necessário entender que este jovem usa outras ferramentas para interagir com o mundo. As principais são: A CONECTIVIDADE – onde o jovem identifica conexões entre situações complexas e ambíguas sem relação óbvia, além de desenvolver grande intimidade com novas tecnologias e com as ferramentas de conexões, utilizando-as amplamente com instrumentos de produtividade pessoal. A COLABORAÇÃO – quando o jovem constrói alianças estratégicas e networks, onde busca alcançar benefícios mútuos, que promovem seus objetivos e seus sonhos. A INOVAÇÃO – o jovem apresenta sempre seus questionamentos, com isso busca contestar abertamente o "status quo" de forma contributiva, apontando oportunidades específicas de mudanças, criando sempre, uma ambiente propício ao aprendizado individual e coletivo. O RESULTADO – este jovem tem foco em resultados desde que aprendeu a avaliar seu desempenho nos jogos de vídeo-game, por isso persegue seus objetivos com energia e persistência e define altos níveis de performance individuais, superando obstáculos e incertezas. A INTEGRIDADE - ele valoriza a transparência e a coerência em suas atitudes e expõe suas ideias e opiniões abertamente, sem preocupações com percepções diferentes, agindo com honestidade em relação aos próprios sentimentos. O RECONHECIMENTO - Considera o feedback como principal instrumento pessoal de alinhamento de performance e de resultados e busca novos desafios como forma de desenvolvimento pessoal. A geração Y é inegavelmente mais questionadora e impaciente, além de ser muito mais qualificada e informada, isto faz com que este jovem seja, muitas vezes, visto como arrogante e sem foco. Esta percepção é possível e em alguns casos, até correta, portanto cabe as demais gerações, usar a experiência adquirida, para ajudá-los a dar significados a todos estes comportamentos, pois eles servirão de base para o futuro que começa a ser construído hoje. Caso contrário, veremos no futuro, engenheiros em nano-tecnologia literalmente preparando lanches em lojas de fast-food.