domingo, 26 de abril de 2015

REPROVANDO A REPROVAÇÃO

Elencamos, a seguir, algumas situações absurdas que observamos em relação à reprovação, que muitas vezes é defendida com verdadeiro “ardor justiceiro”, nos famosos conselhos de classe de final de ano...
O aluno é reprovado numa escola, vai para outra como aprovado (por falha na secretaria) e vai bem; só se descobre o problema quando das vistas no processo para efeito de emissão de certificado da conclusão do Ensino Fundamental.
O aluno é reprovado apenas numa disciplina, repete o ano e no final passa naquela, mas é reprovado em outra disciplina que havia passado no ano anterior...
A mesma prova é analisada, mas tem resultados substancialmente diferentes e é corrigida por diferentes professores, pelo mesmo professor, tempos depois, pelo mesmo professor, pensando que é de outro aluno...
A reprovação muitas vezes não tem a ver propriamente com as condições cognitivas potenciais da criança, mas é um “acerto de contas” do professor com o aluno.
Alunos “marmanjos”, que foram reprovados várias vezes e agora são “problemas”. Se a reprovação ajudasse mesmo, dificilmente o aluno repetiria mais do que uma vez. No entanto, o aluno no Brasil está levando em média 12 anos para concluir o Ensino Fundamental, portanto, repetindo 4 vezes...
A partir destas situações e certamente de muitas outras que poderiam ser acrescentadas, fazemos uma perguntinha indiscreta: que sentido tem a reprovação?
O que normalmente se esquece é que:
O aluno reprovado é colocado nas mesmas condições que o levaram ao fracasso.
O aluno reprovado normalmente é rotulado. Tem professores que, num ato de extrema sensibilidade pedagógica, já pedem no primeiro dia de aula para os alunos repetentes se identificarem diante da turma...
O aluno é o único segmento que é sistematicamente avaliado e que tem consequências drásticas em função do resultado.

Celso dos S. Vasconcellos