domingo, 27 de março de 2011

Dinheiro, enfim, na academia

Fazer ciência em um país- desorganizado como o Brasil nunca esteve entre as tarefas mais fáceis para pesquisadores. Em 1984, o então estudante Miguel Nicolelis, da Faculdade de Medicina da USP, viveu o famoso dilema do jogador de futebol que bate escanteio e corre para cabecear a bola para o gol. À epoca, pesquisava a resistência de bactérias em infecções hospitalares e, embora já manuseasse microcomputadores, ele tinha, entre outras tarefas simplórias, de buscar pessoalmente os cachorros que serviriam de cobaias para suas experiências.

Hoje, 27 anos depois, Miguel Nicolelis é um dos mais renomados cientistas do mundo, graças à carreira que construiu na Universidade de Duke, na Carolina do Norte (EUA), para onde emigrou em 1989. Será que o então estudante hoje precisaria mudar de país para se tornar um cientista de ponta? A resposta pende cada vez mais para o “não”, embora a evolução ainda tenha um longo caminho pela frente. Os aumentos de investimentos na ciência nacional nos últimos anos fazem do Brasil um dos principais polos de atração científica internacional, apontou reportagem da revista britânica The Economist em janeiro. Segundo a publicação, as universidades brasileiras buscam atrair cientistas mais velhos de outros países para que possam administrar alguns de seus laboratórios e se estabelecerem em definitivo no País.

A matéria da The Economist, uma das mais influentes publicações do planeta, se insere no novo contexto da produção científica do Brasil: no ano passado, pesquisa organizada pela Thompson Reuters indicava que o Brasil em poucos anos seria o segundo país em produção científica entre os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). A pesquisa levou em conta o número de artigos publicados entre as mais relevantes revistas de ciência do mundo. Nelas, o País acabou de ultrapassar a Rússia, 30.021, ante 27.605 em 2008. Em 2009, uma avaliação da Natural Science Indicators (NSI), também da Thompson Reuters, colocou o Brasil na 13ª posição da classificação global de produção científica, duas posições acima do ranking anterior, de 2007, à frente da Holanda, que tem tradição na área.

Mas a que se refere esse crescimento? A equação que determina o crescimento científico de um país seja bastante simples: mais dinheiro designado significa maior produção – e quanto maior a produção, maior será a quantidade de estudos e patentes desenvolvidos.

“O aumento expressivo da produção científica nas últimas décadas é resultado de um aumento no fomento à pesquisa tanto em nível federal quanto estadual”, afirma Isaac Roitman, professor da Universidade de Brasília (UnB) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC). “O sistema da pós-graduação (cursos de mestrado e doutorado) tornou-se robusto, e ele se constitui como o principal cenário onde as pesquisas científicas são realizadas.”

As principais agências de fomento ao desenvolvimento acadêmico receberam uma substancial injeção financeira. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agrocopecuária (Embrapa), que muitos já consideram a mais importante instituição do setor no mundo, teve um crescimento de verba de 50% desde 2002. Pedro Arraes, presidente da instituição, comemora a evolução. “Agora temos um orçamento de 1,8 bilhão de reais anual, que é o mesmo da sua par americana, a ARS (Serviço de Pesquisa em Agricultura, em portugês)”, relata. A Embrapa ainda possui o chamado “PAC Embrapa” – PAC é o Programa de Aceleração do Crescimento, criado no governo Lula –, que prevê a construção de unidades da empresa em locais com menos investimento. “Possuímos 46 centros de pesquisa hoje. Ganhamos cinco centros sendo criados em vazios tecnológicos, como Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, mais um centro de estudos estratégicos em Brasília. Houve revitalização impressionante nos laboratórios”, afirma.

A Embrapa hoje possui parcerias tecnológicas com universidades nos Estados Unidos e na Europa, além de braços na América Latina e África. O governo federal muitas vezes utiliza a extensão da empresa para aprimorar braços diplomáticos por meio de parcerias em agropecuária – pesquisas da Embrapa no Mali, em Moçambique, no Senegal e no Panamá são exemplos.

Além da Embrapa, o Brasil desponta com força em setores tão diferentes como a aviação civil (Embraer), automação bancária, papel e celulose, biocombustíveis e medicina tropical, entre outras áreas. O desenvolvimento de praticamente todas é diretamente relacionado ao aumento das bolsas em iniciação científica em graduação e pós-graduação, que são organizadas -pela -Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, que manteve a sigla anterior de Conselho Nacional para Pesquisa), que também tiveram considerável avanço financeiro. “Ampliamos o orçamento oito vezes entre 2002 e 2011”, afirma o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães.

O despontamento do Brasil no cenário da economia internacional e as possibilidades de crescimento fazem do País um polo científico de atração de estrangeiros pela primeira vez em sua história. E como há demanda de forte crescimento nessa área, mas ainda não formamos cientistas em número suficiente, as entidades que fomentam a produção científica buscam atrair estrangeiros na forma de intercâmbio ou mesmo de trabalho fixo. É a estratégia na qual se foca a Capes, que recentemente publicou, em parceria com a Fiocruz, anúncio em revistas de renome internacional da área procurando recrutar cientistas no exterior. “A procura foi enorme”, afirma o presidente Jorge Guimarães. “Estamos longe de ter a massa crítica de cientistas que o Brasil precisa, comparando-se o número de profissionais tanto com o tamanho da população total quanto da população economicamente ativa. Há também uma relação direta entre a ciência e o Produto Interno Bruno (PIB): nos próximos anos, estaremos entre os dez maiores PIB da Terra. E a ciência brasileira vai ter de também estar a caminho.”

Educação e produção científica
Mas nem tudo são flores nessa evolução. O Brasil ainda precisa melhorar gargalos que tornam a ciência no País menos factível do que realmente é. “O que falta são normas claras para que o cientista não se transforme num burocrata”, afirma Miguel Nicolelis. “Tudo vem de cima para baixo. Esses problemas estavam presentes quando fui embora, nos anos 1980, e quando comecei a voltar, em 2002. A vida do cientista no Brasil é imprevisível. A mente do cientista é imprevisível, mas a vida dele tem de ser bem planejada. Por isso sou a favor de que descentralizem alguns procedimentos para que haja aproximação com a realidade do País”, completa.

A opinião de Nicolelis é endossada pela maioria dos personagens que avaliam a produção brasileira. “É importante que o cientista tenha como meta a produção do saber, mas também é importante que a sociedade se beneficie a curto prazo dos avanços científicos produzidos no Brasil”, afirma Isaac Roitman, da ABC. O presidente da Embrapa, Pedro Arraes, também concorda que a defasagem entre o mundo acadêmico e as necessidades sociais ainda seja forte. “A Embrapa implementou, há 12 anos, um sistema de avaliação de produção de pesquisadores. É uma característica diferente da academia: aqui não interessa que o pesquisador publique um trabalho científico que se encerre por si. Ele tem de apresentar trabalhos que apontem soluções para a cadeia produtiva com a qual a empresa- trabalha. Então é uma administração por resultados e por patentes lançadas, entre outros fatores de avaliação.”

Desburocratizar o que acontece na academia parece ser fácil em comparação com o outro gargalo da ciência nacional: a má qualidade do Ensino Básico. O Brasil é um país onde 24% dos habitantes entre 16 e 24 anos são analfabetos funcionais, de acordo com pesquisa do Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope, realizada em 2010. O sucateamento da educação culmina na baixa quantidade de estudantes com capacidade para desenvolver pesquisa científica.
Melhorar a qualidade da educação básica é um dos fatores necessários para maximizar a qualidade e a quantidade científica do País e um dos pilares do novo Plano Nacional de Educação elaborado pelo mistro Fernando Haddad para o período 2011-2020. O ministro optou por aumentar as atribuições da Capes para que a entidade também trabalhe a melhora nas primeiras camadas educacionais do País. “A Capes agora é focada na formação de cientistas e também na de professores, para a qual se criaram duas diretorias só para atacar esse problema. O objetivo é recuperar o estímulo dos docentes para a educação básica através de projetos nas universidades, junto aos futuros professores”, explica Jorge Guimarães, presidente da entidade.

Se a educação básica for desenvolvida, vai ser mais fácil focar em estudantes promissores que possam fazer iniciação científica ainda na escola. Esse era um dos sonhos de Miguel Nicolelis. Em 2002, ele começou a trabalhar para implementar o seu Instituto de Neurociência de Natal. Localizado na periferia da capital do Rio Grande do Norte, o instituto já é referência internacional no tema e atrai jovens das escolas públicas do entorno para trabalhar em iniciação científica. Recentemente, o instituto ganhou uma considerável doação de Lily Safra, viúva do banqueiro Edmond Safra. Tudo indica que, se algum novo Miguel Nicolelis sair dali, no futuro não vai precisar mais emigrar para alavancar a carreira.

A aula pode ser atraente

Apesar dos profundos avanços sociais, científicos e tecnológicos ocorridos nos últimos cem anos, os currículos das disciplinas científicas e a forma como são seguidos pouco mudaram. É um grande desafio para os professores de Física, Química ou Biologia tornar as aulas e o conteúdo mais atraentes para alunos que, muito frequentemente, se perguntam por que precisam aprender tudo aquilo.

A importância da contextualização e interdisciplinaridade para a aprendizagem tem sido enfatizada como uma das formas de promover o envolvimento dos estudantes. Materiais baseados na História e Filosofia da Ciência podem funcionar como elementos de contexto possíveis ao revelar que a ciência está intrinsecamente ligada aos contextos social, filosófico e econômico, entre outros. Por exemplo, ao falar de eletrodinâmica, é possível associar o conteúdo explorando-se a história do desenvolvimento da eletrificação, das suas consequências para a industrialização, mudanças no estilo de vida da sociedade e os problemas contemporâneos derivados da dependência de fontes de energia.

Outro aspecto favorável é também mostrar como o conhecimento científico é construído, validado e aceito, ou seja, ensinar sobre a natureza da ciência. Esta abordagem foi fortemente influenciada pelo movimento Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente a partir da década de 1990, afetando a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e das diretrizes curriculares de vários estados.

A História e a Filosofia da Ciência podem facilitar o aprendizado do conteúdo científico e permite acrescentar os métodos utilizados pelos cientistas para desenvolver novas teorias, e também como novas ideias são aceitas pela comunidade científica. A construção do conhecimento da Ciên-cia é um processo complexo baseado na refutação e transformação de ideias aceitas previamente somadas ao desenvolvimento de novas. Sendo assim, a História da Ciência esclarece que este processo é influenciado por fatores de natureza social, cultural, filosófica, econômica, tecnológica etc., contribuindo para evidenciar seus significados para as futuras gerações e para apresentar o processo científico em toda a sua riqueza, mostrando que a ciência tem uma longa tradição de construção coletiva e que não está isenta de influências externas.

Uma abordagem histórica também favorece a compreensão de conceitos científicos tidos como difíceis ou muito abstratos, já que os estudantes poderão entender suas dificuldades e como elas foram enfrentadas por cientistas do passado. Além disso, uma boa parte do interesse da comunidade de educadores pela história das ciências é resultado das pesquisas sobre as concepções prévias de crianças desenvolvidas por Jean Piaget e outros. Esses trabalhos mostraram que os estudantes possuem concepções a respeito da natureza que, muitas vezes, diferem do conhecimento científico atual. Em alguns casos, as concepções dos estudantes estão muito próximas de explicações que já foram aceitas no passado. Deste ponto de vista, a História da Ciência, aliada às inúmeras pesquisas já realizadas para mapear as concepções alternativas, é um instrumento importante para a promoção da tomada de consciência dessas concepções por parte dos estudantes.

A interação com o conteúdo de outras disciplinas também pode ser desenvolvida através de atividades envolvendo História e filosofia das ciências. Além disso, a História da Ciência introduz um componente emocionante nas aulas, colocando o aluno em contato com os debates envolvidos na construção dos conceitos e com os equívocos e contradições dos cientistas.

A História da Ciência também é importante para promover habilidades investigativas por trazer exemplos de investigação científica. Através de estudos de casos escolhidos e desenvolvidos, professores podem agir como mediadores da aprendizagem por investigação ao buscarem interpretações levando em conta aspectos lógicos, culturais, experimentais etc.

Cuidados com o enfoque
Apesar de seus potenciais benefícios, no Brasil, bem como em outros países do mundo, a aproximação entre História da Ciência e ensino geralmente ocorre de forma superficial e equivocada, enfatizando os aspectos caricaturais dos cientistas, reforçando a ideia da existência de “gênios”, reduzindo a história a nomes e datas e, consequentemente, transmitindo uma visão errada sobre o método científico.

Não existe uma única forma de contar estes feitos. Há quem a narre de forma linear, valorizando os conceitos atualmente aceitos, ou seja, uma história contada do ponto de vista dos “vencedores”. Isso dá a impressão de que o desenvolvimento científico não poderia conduzir a outro lugar que não a nosso conhecimento atual. Toda complexidade da história é ignorada, assim como os inúmeros erros e desvios de percurso que a investigação científica apresenta. Os livros didáticos contam uma história das ciências que privilegia a memorização de nomes, datas de alguns poucos feitos científicos, e os acertos de certos personagens retratados como heróis. Raramente temos oportunidade de aprender sobre os erros cometidos por pessoas como Galileo, Darwin e outros famosos.

Há uma tendência a se concentrar em “histórias anedóticas”, presentes em livros didáticos e no imaginário popular que não encontram o menor embasamento histórico, como por exemplo, Arquimedes e a banheira, Newton e a maça, entre outras. Longe de discutir os aspectos históricos que deveriam ser explorados tais como os relacionados com os conceitos e com o contexto, essas anedotas, em um primeiro momento, podem atrair os alunos, mas que transmitem implicitamente uma visão completamente equivocada sobre como se dá o desenvolvimento da ciência.

Esses são os gêneros mais comuns de história das ciências que têm predominado no ensino de Ciências, seja nos livros didáticos, seja na História das Ciências ensinada nos cursos de formação de professores. Mas, há outras maneiras de fazê-lo ao buscar reconhecer o valor de cada ideia ou conceito produzido, mesmo os que não são atualmente aceitos, considerando o contexto em que esses conceitos (e os cientistas que os produziram) estavam inseridos. Elas valorizam erros e acertos e reconhecem as influências externas sofridas pelos cientistas, tais como de fatores religiosos, políticos, econômicos etc.

É esse tipo de história das ciências que pode ser um instrumento extremamente útil para a compreensão, por parte de alunos e professores, da natureza da ciência. A ciência é produto do contexto histórico e social em que está inserida. Ela é um empreendimento humano, e assim deve ser vista. Ao contrário disso, nossos alunos tendem a percebê-la como um empreendimento exclusivo de mentes geniais e pessoas- muito diferentes e distantes deles.

sábado, 12 de março de 2011

Pessoal ou profissional

Defendo com unha e carne uma boa remuneração para os profissionais da educação, defendo com unha e carne aqueles que são educadores de fato e trabalham pelo futuro de todas as crianças deste país. Não se pode falar em melhoria da qualidade na educação sem considerar que precisamos antes valorizar o educador, e não valorizar com "medalhinhas", com certificados, etc., mas valorizar com uma boa remuneração, digna e que permita que o ser humano professor tenha uma vida tranquila e possa se dedicar exclusivamente ao ato de educar. Hoje temos muitos profissionais que estão fazendo um "bico" na escola, se estão fazendo um bico, então estão fazendo um trabalho "mais ou menos", por isso, talvez, entre outras razões, também temos uma educação mais ou menos. Claro que temos maus profissionais na educação, assim como temos maus profissionais em todas as áreas. Contudo, defendo aqui que devemos profissionalizar a educação, mas digo profissionalizar de fato, de verdade, e não somente nos bla, bla, blás, de gabinetes e de discursos pra lá de furados. Desta forma, vamos atrair os melhores para as salas de aula e impedir que tenhamos fazedores de bicos nas escolas, senão, teremos sempre uma escola mais ou menos.

domingo, 6 de março de 2011

Pouco mais de metade dos brasileiros não reconhece melhorias na educação pública, mostra pesquisa Ipea

A despeito de avanços registrados nos últimos anos, pouco mais de metade da população brasileira não reconhece melhorias na educação pública nacional. Esse é a principal revelação de pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que ouviu 2.773 pessoas em todo o país entre os dias 3 e 19 de novembro de 2010. De acordo com os dados apresentados, 24,2% dos entrevistados acreditam que o sistema público de ensino piorou, enquanto outros 27,2% acham que continua igual – o que equivale dizer que não houve aprimoramentos. Para 48,7%, houve melhorias.

A percepção majoritária de que não houve avanços contrasta com medições apresentada por vários indicadores importantes divulgados recentemente. Em uma escala de 0 a 10, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Ministério da Educação (MEC), por exemplo, mostra que, entre 2007 e 2009, o desempenho dos alunos do período inicial do ensino fundamental passou de 4,2 para 4,6; nos anos finais do fundamental, subiu de 3,8 para 4 e, no ensino médio, 3,5 para 3,6. Já no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a avaliação da educação no país entre 2000 e 2009 saltou de 368 para 401 pontos. A ascensão só foi superior no Chile e Luxemburgo. Ainda assim, o país segue mal colocado, na 53ª posição da lista, atrás de nações como Colômbia e Trinidad e Tobago. É importante frisar que o Pisa considera o resultados de escolas públicas e privadas – cujo desempenho, em geral, é superior no Brasil.

Para o especialista em educação e colunista de VEJA Claudio de Moura e Castro, a maior parte da população não reconhece a melhoria do sistema porque ela ainda é insuficiente. "As melhorias ainda são pequenas, apesar de importantes para o país. Leva tempo para que os índices se traduzam em uma melhor avaliação por parte da população. Estamos falando na qualidade da aula, no nível do conhecimento transmitido. Isso está aquém da percepção", diz Moura e Castro. "É como um estado febril, que vai cedendo lentamente. O paciente demora a perceber a melhora", compara.