segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

CRIANÇAS COM DOENÇAS DE ADULTOS

Desde que a infância tem sido encurtada, há décadas, as crianças passaram a ter contato direto e irrestrito com o mundo adulto. Isso tem um preço: os mais novos passaram a manifestar bem mais algumas doenças típicas em adultos, como hipertensão arterial, problemas no trato digestivo e diabete. Isso é compreensível: a exposição quase que diária a crueldade, violência e todo tipo de adversidade que existe no mundo adulto trouxe às crianças noções de grande risco e perigo a elas mesmas e aos pais, o que pode afetar tanto a saúde física delas quanto a mental.

Medos de sequestro relâmpago, de assalto, de ser assassinado, de cair de um prédio e de morrer foram relatados por crianças com sintomas sérios de ansiedade. Por causa da pandemia, mães, pais e professores têm percebido um grande número de crianças com medos semelhantes a esses e sinais claros de ansiedade: dor de barriga, náuseas, grandes preocupações, taquicardia, transpiração excessiva, dificuldades no sono e na concentração e atenção, entre outros, e principalmente sofrimento psíquico.

Como consequência, elas apresentam dificuldades em várias situações e o relacionamento com colegas e família e o aprendizado escolar podem ficar prejudicados. Aliás, a ansiedade excessiva pode atrapalhar o desenvolvimento geral da criança e afetar não apenas o seu presente, mas seu futuro também.

Algumas escolas têm recorrido a práticas para ajudar o alunado a enfrentar os sintomas de ansiedade. Ioga e meditação diariamente, por exemplo, já estão presentes em diversas instituições escolares; modalidades corporais também têm apresentado efeitos positivos. Em alguns casos, é preciso apoio profissional na área de saúde mental. Para identificar tal necessidade, nada como conhecer o filho para perceber se a permanência dos sintomas é grande, com duração de meses, e pedir a opinião do pediatra que acompanha a criança regularmente. Dá para prevenir a ansiedade em excesso? Podemos, de um modo geral, adotar práticas educativas que colaboram bastante com os mais novos nesse sentido.

Saber identificar e nomear as emoções vivenciadas e aprender a boa convivência, que fazem parte da chamada educação socioemocional, são componentes importantes para a manutenção da saúde mental. Autoconhecimento e autocuidado são pontos de extrema importância para a manutenção da saúde física e mental dos mais novos. Precisamos insistir e persistir nesses ensinamentos a eles.