segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Beber moderadamente reduz em até 34% o risco de morte

Boa notícia para quem não abre mão de um drink no final do dia. De acordo com um novo estudo da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, e da Universidade Shandong, na China, o consumo regular moderado de bebida alcoólica pode ajudar as pessoas a viverem mais.
Depois de analisar dados de 333.247 americanos que participaram da pesquisa nacional de saúde entre os anos de 1997 e 2009, levando em conta os hábitos dos participantes em relação ao consumo de álcool, os pesquisadores concluíram que a ingestão moderada de bebidas alcoólicas pode reduzir o risco de morte prematura e por doenças cardiovasculares.
Os autores consideraram o consumo moderado como menos de 14 doses para homens e sete para mulheres por semana, sendo que uma dose equivale a 285 ml de cerveja, 120 ml de vinho e aproximadamente 30 ml de destilado.

Redução do risco

Ao longo dos anos, 34.754 participantes morreram de diversas causas. Entre eles, 8.947 mortes estavam relacionadas especificamente à doença cardiovascular e 8.427, ao câncer.
A partir desses dados, os cientistas chegaram a conclusão de que o consumo moderado do álcool estava associado a uma redução de morte prematura de 13% em homens e 25% em mulheres. Em relação à probabilidade de morte por doença cardiovascular, houve uma diminuição de 21% em homens e 34% em mulheres.

Consumo exagerado tem efeito contrário

Em contrapartida, os homens que bebiam quantidades acima do limite tinham 25% mais chances de morrer precocemente, de diversas causas, e 67% mais chances de morrer devido ao câncer. Nas mulheres, entretanto, esses riscos relacionados ao consumo excessivo não foram percebidos de forma significativa.
“Nosso estudo mostra que o consumo leve e moderado pode ter um efeito protetor contra doença cardiovascular, enquanto o consumo exagerado pode levar à morte”, disse Bo Xi, professor da Escola de Saúde Pública da Universidade Shandong, na China, e principal autor do estudo, ao jornal on-line britânico The Telegraph. “Existe um equilíbrio delicado entre os efeitos benéficos e prejudiciais do consumo do álcool, que devem ser postos em evidência.”

Estudo rigoroso

No estudo, os participantes foram divididos em seis grupos baseados nos diferentes padrões de consumo de álcool: pessoas abstêmias; pessoas que, em geral, beberam pouco ao longo da vida; pessoas que costumavam beber, mas reduziram o consumo consideravelmente (menos de três doses por semana); pessoas que bebem com moderação (mais de três doses por semana, mas dentro do limite) e pessoas que bebem em excesso (mais de 14 doses por semana entre os homens e mais de sete entre as mulheres).
“Nós consideramos abordagens estatísticas rigorosas para abordar questões relatadas em estudos anteriores, como o viés da pessoa que se absteve a vida inteira, o fenômeno do paciente que decidiu parar de beber e o ajuste de possíveis fatores limitadores”, explicou Sreenivas Veeranki, professor de medicina preventiva e saúde comunitária da Universidade do Texas. “Ainda assim, existe uma relação proporcional entre o consumo de álcool e a mortalidade, então as pessoas devem beber com consciência.”

Idosos

Segundo os especialistas, as descobertas mostram que, para a maioria das pessoas idosas, os benefícios gerais do consumo do álcool podem superar o possível risco de câncer. Apesar de o consumo excessivo do álcool estar associado a uma série de problemas de saúde, inclusive o risco cardíaco, ele pode ter um efeito protetor contra doenças se consumido com moderação.

domingo, 6 de agosto de 2017

Repetência não muda rota de fracasso escolar

Alunos brasileiros com bom desempenho no Pisa, teste internacional de aprendizagem, são minoria.
Pouquíssimos estudantes de 15 anos demonstram proficiência nas disciplinas testadas (matemática, ciências e leitura).
Isso vale até para a rede privada de ensino, embora a situação da rede pública seja ainda mais grave.
Entre os alunos das escolas públicas que prestaram o exame em 2015, cerca de 105 –que representam ínfimos 0,7% do total– atingiram pelo menos o nível 4 de conhecimento nas três áreas (em uma escala que vai de 0 a 6).
Os dados são estimativas feitas pela Fundação Lemann com base nas estatísticas do Pisa, aplicado a cada três anos pela OCDE.
O recorte é ainda mais chocante se for analisado o desempenho específico de adolescentes que já foram reprovados no início da vida escolar.
Apenas 1 aluno que havia repetido uma vez nos primeiros anos do ensino fundamental estava entre as 105 exceções de escolas públicas que obtiveram um bom resultado em 2015.
Se, em vez de olharmos os poucos adolescentes que conseguem ir bem, focarmos na maioria que vai mal, a análise é ainda mais angustiante.
Na rede pública, os alunos que não conseguiram atingir o nível 2 –considerado o mínimo para exercer a cidadania– nas três áreas de conhecimento do Pisa representavam metade do total. Entre eles, 38,3% tinham repetido pelo menos uma série nos anos iniciais do ensino fundamental.
Esses números reforçam as conclusões de outros estudos que indicam que a repetência raramente recupera quem já está numa rota de dificuldade escolar.
"A ideia por trás da reprovação é que a escola precisa reter por mais um ano o aluno com dificuldades para que ele consiga alcançar um bom desempenho. Mas sistematicamente isso tem falhado", diz Ernesto Martins Faria, economista da Fundação Lemann, responsável pelo levantamento.
Muitas vezes, o que ocorre é o oposto desse objetivo. Ao ficar atrasado em relação aos colegas, o aluno se sente desestimulado. Isso tende a piorar ainda mais o desempenho escolar e não raro termina no pior dos mundos: a evasão.
A repetência no Brasil tem caído, mas em um ritmo lento para um país com níveis ainda altos de reprovação.
No ensino médio, por exemplo, a taxa de repetência recuou de 12,2% em 2012 para 11,9% no ano passado.
Além disso, os dados de reprovação oscilam enormemente entre os diferentes municípios e estados.
Muitas escolas e redes que têm conseguido reduzi-la dizem investir no acompanhamento do aluno, procurando "recuperar" os que apresentam maior dificuldade constantemente e não apenas no final de ciclos específicos.
Mas vários programas nessa linha, chamados de correção de fluxo escolar, foram abandonados nos últimos anos sem que seus resultados tenham sido mensurados.
Falta ao Brasil uma cultura de análise da eficácia de políticas públicas que apoie os gestores a tomar decisões certeiras em meio a tantos problemas que precisam ser atacados ao mesmo tempo.