terça-feira, 19 de agosto de 2025

Craques da Enganação na Educação

 No futebol, todos conhecem aquele jogador que chama atenção pelo estilo, pelas poses e pelos dribles que não levam a lugar algum. É o craque da enganação: nunca erra um passe, porque vive tocando a bola de lado, se exibe para a torcida, mas não constrói jogadas que realmente mudem o rumo da partida. Seu brilho é momentâneo, mas sua contribuição é quase nula.

Na educação, infelizmente, encontramos personagens muito parecidos. São aqueles que se apresentam como grandes inovadores, defensores de novas metodologias e donos de soluções mágicas para os problemas da escola. Falam bonito, produzem relatórios coloridos, criam projetos cheios de slogans e impacto visual. No entanto, no fundo, não produzem nada de relevante. Suas “jogadas” chamam atenção, mas não resultam em aprendizagem, nem melhoram as condições de trabalho do professor ou a vida do estudante.

Enquanto esses "craques da enganação" recebem aplausos por seus discursos, quem realmente joga a partida — o professor — fica esquecido, relegado ao banco de reservas, mesmo sendo o único capaz de conduzir o time à vitória. O docente, que enfrenta diariamente as limitações estruturais, a diversidade das turmas e a cobrança por resultados, é tratado como mero coadjuvante, quando, na verdade, é o camisa 10 da escola.

Assim como no futebol, não se vence apenas com pose. A educação precisa de passes certeiros, jogadas de verdade, estratégias que funcionem em campo. É hora de parar de enaltecer quem só toca bola de lado e valorizar quem realmente faz o jogo andar: o professor.

EDUCAÇÃO: Muita pose e pouco trabalho

Nos últimos anos, a educação brasileira tem sido alvo de inúmeros discursos, promessas e projetos mirabolantes. Muitos deles são elaborados por pessoas que jamais pisaram em uma sala de aula como professores, que nunca sentiram o desafio de cativar uma turma cansada em uma sexta-feira à tarde, nem a responsabilidade de transformar conteúdos complexos em algo acessível para cada estudante. Ainda assim, esses “especialistas” de gabinete assumem o papel de reformadores da educação, propondo mudanças que, na prática, pouco dialogam com a realidade escolar.

O resultado é um cenário marcado por muita pose e pouco trabalho. Posam como inovadores, falam em métodos modernos e em revoluções pedagógicas, mas ignoram o conhecimento de quem realmente entende do assunto: o professor. É ele quem conhece a dinâmica da sala de aula, quem vive diariamente os desafios da falta de estrutura, do excesso de burocracia e das necessidades diversas dos alunos. No entanto, sua voz é frequentemente abafada por aqueles que acreditam que a teoria distante da prática é suficiente para conduzir políticas educacionais.

Quando o professor é relegado a um papel secundário, como se fosse apenas executor de ordens externas, a engrenagem da educação enferruja. Afinal, não existe qualidade no ensino sem a valorização e a escuta do docente. Não basta criar relatórios, slogans e decretos: é preciso colocar o professor no centro do processo, pois ele é a peça principal que movimenta a máquina escolar.

A verdadeira transformação da educação não virá de promessas de vitrine, mas do trabalho sério, construído em parceria com quem conhece o chão da escola. Sem isso, continuaremos assistindo ao espetáculo de muita pose e pouco trabalho, enquanto a educação segue à espera de quem realmente queira e saiba transformá-la.