A INVENÇÃO DO "O"
Na era da pedra lascadada língua faladaantes de inventarem a letraque imitava a luaas palavras diziam nadae nada levava a nada(aliás, nem precisava rua).A frase ficava estáticade maneira majestáticaa grandes falas presumíveispermaneciam indizíveis- imagens invisíveisa distâncias invencíveis.Vivia-se em cavernas mentaisnuma inércia dramática.Ir e vir, nem pensarninguém mudava de lugarque dirá de sintática.Aí inventaram o "O"e foi algo portentoso.Assombroso, maravilhoso.Tudo começou a rolare a se movimentar.O Homem ganhou "horizontes"e palavras viraram pontese hoje existe a convicçãoque sem a sua invençãonão haveria Civilização.Um dia, como o raio inauguralsobre aquela célula no pantanalque deu vida a tudo,veio o acento agudo.E o homem pôde cantar vitória.E começou a História.(Depois ficamos retóricose até um pouco gongóricos). Luis Fernando Veríssimo
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