No contexto da educação infantil,
o vínculo criado entre educador e criança é tão importante quanto outros
parâmetros considerados primordiais pelos referenciais de qualidade. É por meio
da construção de uma relação afetiva acolhedora que a criança se sente segura e
disponível para as atividades entre pares e o consequente desenvolvimento de
suas possibilidades.
O vínculo é uma relação afetiva
preferencial que se estabelece entre o aluno e seu professor. E à medida que
cresce, a criança amplia o forte apego dos primeiros anos de vida aos pais para
outras pessoas e o apego passa então a ser chamado de vínculo. Nesse contexto,
o vínculo é uma relação em que o professor passa a ser uma espécie de amigo
preferido no espaço escolar.
O vínculo é, sim, uma relação
afetiva, mas não significa bajular, dar beijos ou passar a mão na cabeça da
criança, no sentido da superproteção, mas fazê-la sentir-se segura, valorizada
e acolhida no ambiente escolar.
É fácil perceber se há vínculo
entre a criança e seu educador. A busca de proximidade é o maior sinal de que o
vínculo foi instaurado. Há vínculo se a criança procura o professor, confere
suas dúvidas com ele. Se ela evita o professor e fica retraída em sala é porque
não tem nele seu porto seguro.
Outra evidência da presença ou da
falta de vínculo é a vontade que a criança tem de ir à escola. O normal é que a
criança ame ir à escola. Se chora e não quer ir, há um desajustamento que pode
significar a falta de vínculo. A criança não se sente protegida, acolhida.
Uma das funções do vínculo é
exatamente dar a sensação de proteção e conforto para a criança, cujo primeiro
impulso é transferir para o professor a relação de segurança que teria com a
mãe. Nesse momento, o educador é o mediador afetivo da criança nesse espaço
escolar, e quem facilita sua adaptação. No caso de uma criança que chora e não
quer entrar no ambiente desconhecido, quando estabelece esse vínculo afetivo,
ela passa a entender que neste espaço o educador cuida, protege e sana suas
necessidades, ele é o substituto da mãe.
O primeiro papel do vínculo é
favorecer a adaptação da criança na creche ou na escola, mas não se encerra por
aí. Um segundo aspecto é a mediação com o conhecimento. O educador lida com
esta acolhida afetiva que a criança tem de ter e, por outro lado, com a
ampliação dos horizontes e a aquisição de novos conhecimentos. A creche ou a
escola são mundos muito novos e distantes da realidade vivida pela criança até
ali. Há outras regras, horários, espaços e modos de funcionamento, assim como
estímulos diversos – de socialização, habilidades motoras, artísticos e contato
com a língua. O educador viabiliza a entrada da criança em todo este universo
do conhecimento.
Se há no espaço escolar todo um
mundo a descobrir, a criança precisa do vínculo para sentir que o espaço é
afetivo e lidar bem com os novos desafios. Se não tiver segurança afetiva, ela
se encolhe, se protege e não se lança à aventura da brincadeira e da expressão.
Ela vai se retrair e não vai se envolver, o que afeta seu aprendizado no curto
e no longo prazo.
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