A desconexão que atinge a educação atual não reside apenas nas telas do celular; ela é muito mais profunda e complexa. Trata-se da desconexão no processo de construção de identidade e de vivência.
Vivemos a era das famílias desconectadas de seus filhos. Muitas vezes, os pais, absorvidos por suas próprias rotinas e lutas, não conseguem estabelecer a ponte necessária para entender as fases e os desafios emocionais de seus jovens. Essa lacuna gera filhos desconectados da realidade e do aprendizado. Sem um alicerce sólido de diálogo e orientação em casa, a escola se torna um espaço onde o sentido de estudar e o valor do conhecimento se perdem, resultando em desinteresse e desengajamento. O aprendizado é um processo de construção de sentido, e quando falta a cola familiar, essa construção desmorona.
Paradoxalmente, por vezes, temos a escola desconectada da realidade dos alunos. O currículo, os métodos e as expectativas podem parecer distantes do universo social, econômico e cultural que o estudante realmente habita.
No meio desse nó, os professores se encontram perdidos em uma rede de atordoamentos. Eles lidam com a apatia em sala, a indisciplina gerada pela falta de referências e a carência de recursos, enquanto são pressionados por políticas educacionais que parecem desconectadas do tempo em que vivemos. São normas e metas que não consideram a complexidade do contexto social, a sobrecarga do educador e a necessidade real de um ensino que olhe para o aluno como um ser integral, e não apenas como um número.
A verdadeira reconexão exige um esforço conjunto: o resgate da presença e do diálogo em casa, uma escola que consiga ver e acolher a realidade de quem aprende, e políticas que escutem o chão da sala de aula.