domingo, 21 de julho de 2013

A Educação nos Primeiros Dias

Se nosso mundo parece imperfeito, injusto, repleto de indivíduos egoístas, onde o conflito pessoal parece ser uma coisa inevitável, nós, como adultos e educadores, precisamos aprender alguma coisa, algo além das fórmulas que já foram exaustivamente tentadas para resolver essa questão. Mas, do mesmo modo do agricultor que deseja se tornar mestre em cultivo precisa conhecer porque sua colheita não se desenvolve adequadamente, como educadores, também precisamos saber porque nossas crianças e alunos continuam a repetir os antigos e distorcidos comportamentos, os mesmos que construíram o mundo repleto de vícios e imperfeições, que ora não nos agrada. A lógica é bem simples: se não nos agrada - achamos que isso se aplica a uma maioria - por que razão se perpetua ao longo dos séculos o sofrimento humano e suas causas, os conflitos entre indivíduos, a violência, a inveja, e todas essas coisas que conhecemos bem? Por que continuam nossos filhos, e filhos destes, a repetirem os mesmos conflitos dos seus antepassados, as mesmas angústias, as mesmas formas de medo, tamanha confusão? Será que, como educadores e pais, ainda não dos damos conta de tudo isso, incluindo os ciclos que se repetem, dos comportamentos que criam novos indivíduos a imagem e semelhança dos antigos, onde se incluem seus problemas? Especialmente como pais, será que não temos em nossos filhos uma cópia de nossas angústias pessoais, gostos e tradições, exatamente como também já fizeram conosco nossos pais, e como já herdaram nossos avós, dos seus predecessores? Reconhecer onde está um problema deve ser a primeira providência a ser tomada por aquele que pretende solucioná-lo. Mas, se apenas deseja repassá-lo como herança à posteridade, então nada deve ser feito, apenas repetir o processo, replicar aquilo que já aprendemos. Se de uma sementeira, apenas alguns grãos são capazes de germinar, reconhecer que ali, dentre os sadios, existem grãos defeituosos, deve ser o primeiro passo do agricultor que pretende ter uma boa colheita. Depois, como ele fará para separar os defeituosos dos sãos, deverá ser sua providência para resolver o problema. O Cuidar tem hora para começar, jamais para terminar. Supondo que assim seja por tradição, isto é, que sementes saudáveis, por força de antigos costumes praticados durante anos, onde, aquele que não serve é igualmente misturado ao que serve, continuar com tal prática, sugere que uma boa colheita jamais será possível. Ciente de que na antiga prática está o problema, parte da solução já está encaminhada. Supondo que alguém, ao dirigir-se ao rio para coletar água e levar para sua casa, perceba que seu vasilhame está com muitos furos. Assim, depois de tentar várias vezes transportar a água, ele percebe que, se caminhar mais depressa, poderá chegar em casa, com uma quantidade maior de água. Então ele resolve que aquilo é a solução para o problema, e daí passa o costume para seus herdeiros. Agindo dessa forma, não estaria resolvendo o problema, mas, apenas admitindo que tal prática ou processo defeituoso seja coisa válida. Seria o mesmo que tentar resolver o problema do sofrimento humano, apenas aumentando, por exemplo, as formas capazes de lhes proporcionar algum tipo de alegria. Assim, como pais e educadores, se de verdade nos preocupamos com o futuro de nossos filhos e alunos, com a continuidade do homem sobre a terra, em primeiro lugar, precisamos estar cientes de que todas as deformações sociais, têm como base, nossos modelos de conduta que se arrastam através dos tempos. Estão incrustadas em nossas vidas, como tradições, como dogmas, como verdades intocáveis, incontestáveis, que acabamos por aceitar como coisas necessárias, imprescindíveis ao nosso viver. Reconhecer onde está o problema é parte da solução. Depois, reconhecer que o novo modelo não pode ser derivado do antigo, é a solução em si. De que adianta descobrirmos uma nova forma de arar e preparar o terreno, novos fertilizantes e meios de irrigação, se as sementes continuam as mesmas de antes? Cumpre como de extrema urgência a pais e educadores, descobrirem por si mesmos a verdade contida em tudo isso, pois apenas dessa forma serão capazes de não repetirem os antigos vícios, todas as antigas e mal sucedidas formas de conduta. E, apenas pelo reconhecimento inequívoco de que a solução não virá de fora, de uma espécie de entidade mágica que irá se materializar para resolver nossos problemas, a troco de nossos agrados e penitências, só assim, pela negação de tudo isso, poderemos, juntos, com seriedade, tentar resolver de uma vez a questão.

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