Faz quase seis
meses que a presidente Dilma lançou o lema, mas até hoje não definiu como seria
a Pátria Educadora, nem o que seu governo fará para construí-la.
Por falta de
definição da presidente ou dos marqueteiros que criaram o lema, devemos
imaginar como seria a Pátria Educadora e o que fazer para construí-la.
A condição
fundamental, óbvia, é ter todas as suas crianças em escolas com a máxima
qualidade, o que exige: professores muito bem preparados, escolhidos entre os
melhores jovens da sociedade, para isso eles precisam estar entre os
profissionais muito bem remunerados, todos bem selecionados e avaliados
permanentemente; os prédios das escolas entre os mais bonitos, limpos e
confortáveis, com os mais modernos equipamentos de tecnologia da informação, bibliotecas,
ginásios poliesportivos e facilidades culturais; todas as crianças em horário
integral, durante os 220 dias de aulas por ano, sem paralisações.
Quando todas as
suas cidades forem assim, a Pátria Educadora não terá analfabetismo de adultos
e todos os seus jovens concluirão, na idade certa, o ensino médio, com a
qualidade ofertada nos países mais educados do mundo.
Para isso, a Pátria
Educadora precisará ter todas suas Cidades Educadoras.
A Pátria Educadora
só pode ser construída escola por escola, cidade por cidade, mas cada uma
necessita de esforço nacional para apoiá-la. Para fazer suas Cidades
Educadoras, o Brasil precisa adotar a educação de suas crianças,
independentemente da cidade onde vivem e estudam.
Isso não será
possível cortando recursos do Ministério da Educação nem prometendo os
simbólicos 10% do PIB ou os royalties de um pretenso pré-sal de tamanho
insuficiente para as necessidades da educação brasileira. Muito menos deixando
a tarefa de construir a Pátria Educadora para as pobres e desiguais prefeituras
do Brasil.
Deixar a educação
nas mãos das cidades é manter as escolas sem os recursos humanos, financeiros e
técnicos necessários e também continuar com nossas crianças em escolas
desiguais, conforme a renda dos pais e o orçamento da cidade onde vivem.
A simples evolução
do atual degradado sistema escolar municipal não vai permitir construir a
Pátria Educadora; o Brasil precisa implantar um novo sistema educacional,
substituindo as atuais escolas em um processo ao longo de anos.
Uma cidade
educadora custa R$ 10 mil por aluno por ano; para atender a 51,7 milhões de
alunos em 2035, seriam necessários R$ 517 bilhões. Se o PIB e a receita do
setor público crescerem a uma taxa de apenas 2% ao ano, em 2035 o Brasil vai
precisar de 6,2% do PIB para transformar o atual sistema da pátria deseducadora
no novo sistema federal da Pátria Educadora; ou seja, 0,5% acima dos 5,7% do
PIB gastos atualmente, metade dos 10% determinados pela Lei do PNE.
Isso só será
possível com a união de todos os brasileiros assumindo a responsabilidade pela
educação de todas as crianças do Brasil, não importa a receita fiscal nem a
vontade do prefeito da cidade onde elas vivam.
Cristovam Buarque é professor emérito
da UnB e senador pelo PDT-DF
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