quinta-feira, 16 de julho de 2015

O QUE É APRENDER?

Aprender é construir "seus conhecimentos e sua afetividade na interação" com outros sujeitos e "por meio de influências recíprocas que vão estabelecendo cada sujeito constrói o seu conhecimento de mundo e o conhecimento de si mesmo como sujeito histórico" (LOPES, 1996:111).
Aprender significa ser capaz de reelaborar e reconstruir conhecimento através da formulação de questionamentos, de análise e síntese das descobertas. O indivíduo aprende é ao ser capaz de dialogar com o seu interlocutor, seja ele o professor, o livro, o jornal, o programa de TV, o vídeo ou a página da WWW. Dependendo do grau de escolaridade, aprender envolve saber questionar as verdades apresentadas, refletir, investigar suas dúvidas e elaborar nova síntese que lhe satisfaça a inquietação inicial.
Aprender significa ser capaz de pesquisar com olhos inquisidores, orientados por inquietações que tragam contribuições ao crescimento individual e coletivo. É um processo multifacetado e estimulante se interconectar diversas áreas do conhecimento mediadas pelas mídias impressa, audiovisual e digital em uma rede de relações interpessoais.
POSTMAN (1996:45) chama a atenção para o fato de só poder existir uma comunidade democrática e civilizada, se as pessoas que aí vivem, fazem-no de forma disciplinada como participantes de um grupo e que, portanto, precisam aprender a viver em grupo, onde as necessidades individuais estão subordinadas aos interesses do grupo. Aprender a conviver de forma colaborativa propicia o crescimento do grupo como um todo e, por conseguinte, o crescimento de cada um em particular.
Aprender implica na capacidade de construir significados, reconstruindo o passado e projetando o futuro. Se nós, professores, não temos muito claro, para nós mesmos, o que é o ensinar e o aprender e se não nos lançamos como navegadores nessa viagem estimulante, de volta ao nosso passado e nos projetamos para o futuro, como poderemos levar nossos alunos a empreender a viagem em busca do conhecimento, uma aventura que exige esforço, dedicação e que pode apresentar riscos e frustrações? Não são eles, jovens e adultos, seduzidos hoje pela mídia com "videogames" e viagens sedutoras embora alienantes?
Nós, professores, precisamos estar em constante aperfeiçoamento de nossa capacidade de reconstruir nosso conhecimento, de análise do nosso cotidiano, de questionamento da nossa prática individual e coletiva. Devemos estar alerta às constantes transformações que ocorrem no mundo para além das paredes da escola. Esse aperfeiçoamento e questionamento precisam ocorrer tanto no isolamento individual, quanto em equipes colaborativas que desenhem e realizem projetos conjuntos baseados na prática escolar. Não podemos ignorar a tecnologia que já está inserida no dia a dia do homem nesta sociedade tecnológica. Não podemos ignorar que temos uma história individual entrelaçada a uma história social.
Professores e alunos, precisamos praticar entre nós e com os outros o ato comunicativo, reconhecendo que esse ato é um ato de aprendizagem.
"... É preciso reconhecer que quero me comunicar, que quero trocar informações com alguém e que, nesta troca, vou me transformar, vou aprender" (KENSKI, 1996:135).
O desenvolvimento em equipe implica em saber trabalhar de forma interdisciplinar, de modo que a interdisciplinaridade fique colada como marca d’água na nossa didática e na nossa prática escolar.
A aprendizagem pode se dar através da linguagem, mas será mais completa e mais significativa se também ocorrer através da experiência, ainda que simulada. Aprender através da linguagem, via leitura dos mais diversos meios (texto impresso, vídeo, filmes, programas de rádio e de TV, programas de computador tutoriais ) ou via aulas ministradas por professores permite-nos uma leitura das idéias, dos pensamentos, das opiniões e dos conhecimentos de outras pessoas e de outras épocas assim como um confronto com as mesmas. Aprender através da linguagem implica em que se tenhamos um bom conhecimento da linguagem ou corremos o risco de não compreendermos o que "lemos" ou não sabermos "escrever" sobre o que "lemos" . A linguagem requer uma outra pessoa, a que observou, analisou, classificou, escreveu para podermos ler.
A aprendizagem por experiência nos coloca em contato direto com a realidade. Na escola, aprender por experiência ocorre nos laboratórios e, geralmente, tem a tecnologia como mediadora. Quanto maior a possibilidade de simulação maior a possibilidade o aluno tem de observar, de construir hipóteses e de testá-las para verificar se essas hipóteses estavam corretas. Aprender por experiência permite a manipulação da realidade, agindo e percebendo os resultados da nossa ação. Dessa forma, "podemos conhecer e compreender a realidade observando como ela responde às nossas ações" (Parisi, 1998, rt). É bastante raro podermos desenvolver esse tipo de aprendizagem na escola que privilegia o aprender pela linguagem escrita. Entretanto, se a escola tiver uma tecnologia que permita o uso de modelos simuladores que permitam que aquelas características obscurecidas pela linguagem escrita apareçam, as capacidades de abstração, de memória, de manipulação de símbolos e a habilidade lingüística serão complementadas pelo uso de outras capacidades como a de observar, reconhecer modelos, manipular, levantar e controlar hipóteses. Os alunos terão maior motivação para aprender e para estudar, pois com a experimentação e a simulação seguidas da reflexão estarão aprendendo mais do que apenas através da abstração. Em algumas situações estarão se divertindo, em outras estarão vivendo papéis diversos dos que vivem no seu cotidiano e, ainda, haverá situações em que serão desafiados a resolver problemas complexos.
Incorporar de forma inteligente a tecnologia significa adotar uma postura positiva e interdisciplinar em relação à tecnologia e trabalhar com elas como elementos emancipatórios na nossa prática pedagógica. Podemos aprender com essas tecnologias que a aprendizagem se dá no envolvimento integral do indivíduo, isto é,
"o emocional e o racional; a análise lógica e o lado do imaginário e do intuitivo; a imagem e o som; a açào, a presença, a conversa, a interação, o desafio, a exploração de possibilidades, o assumir de responsabilidades, o criar e o refletir juntos sobra a criação" (KENSKI,1996:146). 

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