terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Sobre os Pequenos Momentos

 

A vida não é feita apenas dos grandes acontecimentos. Pelo contrário, são os pequenos momentos que, muitas vezes, guardam os sentimentos mais genuínos, aqueles que nos acompanham mesmo depois de muitos anos.

O cheiro do café numa manhã fria, uma risada inesperada com um amigo, o pôr do sol visto da janela no fim de um dia cansativo. São esses instantes, aparentemente simples, que moldam nossa história e nos fazem sentir vivos.

Muitas vezes, buscamos a felicidade em eventos grandiosos, esperando que algo extraordinário aconteça para, enfim, nos sentirmos completos. Mas a verdade é que a felicidade está nos detalhes, nas conversas despretensiosas, nos abraços demorados, nos momentos de silêncio em boa companhia.

O tempo passa sem avisar, e só percebemos a importância de um momento quando ele já se tornou memória. Por isso, aproveite. Sorria mais, abrace sem pressa, admire a beleza do agora. Pois pode ser que, no futuro, aquela pequena lembrança seja a mais valiosa de sua vida.

Afinal, são os pequenos momentos que fazem a vida valer a pena.

Todo Dia a Mesma Coisa

           O despertador tocava às 5h30, e Antônio já sabia o que vinha depois. Um banho rápido, um café tomado às pressas e logo estava no carro, pronto para enfrentar a estrada. De segunda a sexta, dirigia por horas entre duas cidades diferentes para trabalhar. Pela manhã, atendia clientes em uma cidade; à tarde, resolvia negócios em outra. No fim do dia, voltava para casa exausto, só para repetir tudo de novo no dia seguinte.

No início, até tentou prestar atenção no caminho. As montanhas imponentes, o céu tingido de laranja no amanhecer, os pequenos vilarejos pelo percurso. Mas, com o tempo, tudo virou apenas um borrão na pressa do dia a dia. O que importava era o trânsito, os semáforos, o relógio. Dirigia quase no automático, sempre apressado, sempre preocupado com o próximo compromisso.

Nas rádios, falavam sobre cachoeiras escondidas e pontos turísticos da região. Ele passava por esses lugares todos os dias, mas nunca parava. Nem sequer olhava com atenção. Tudo o que via eram placas, carros e relógios marcando a hora.

Certa tarde, ao pegar um congestionamento inesperado, foi obrigado a desacelerar. Pela primeira vez em anos, olhou realmente ao redor. O sol refletia nas águas de um rio à beira da estrada, um grupo de garotos brincava em um campo, e um senhor sentado em um banco de praça apenas observava o tempo passar.

E foi ali, dentro do seu próprio carro, parado em meio ao trânsito, que Antônio percebeu algo: a vida estava acontecendo, mas ele nunca tinha tempo para vê-la.

Ainda Dá Tempo?

            Lúcio olhava para o relógio de parede como se esperasse que ele parasse. Mas o tempo nunca parava. Nem para ele, nem para ninguém.

Durante anos, Lúcio adiou os sonhos. Sempre havia um amanhã mais conveniente, um mês menos apertado, um ano menos turbulento. Ele dizia a si mesmo que depois teria tempo de viajar, de visitar os velhos amigos, de aprender a tocar violão, de dizer para sua mãe o quanto a amava. Sempre depois.

Mas os anos foram passando. A mãe partiu sem que ele dissesse tudo o que queria. Os amigos seguiram seus caminhos. As oportunidades ficaram pelo caminho, sufocadas pelas desculpas que ele repetia sem perceber.

Certa manhã, enquanto tomava café, Lúcio ouviu o riso de uma criança na rua. Um menino, de no máximo sete anos, corria atrás de um cachorro, gargalhando como se o mundo inteiro fosse uma brincadeira infinita. E Lúcio se perguntou: "Quando foi que eu parei de correr?"

A pergunta ecoou em sua mente por dias. Até que, uma noite, ele pegou o telefone e ligou para um amigo que não via há anos. Comprou a passagem para aquela viagem que sempre adiou. Começou a aprender violão, errando os acordes com um sorriso no rosto.

O tempo não voltava, mas o agora ainda era seu.

Porque, no fim, nunca é tarde para viver.

A Razão de Cada Um de Viver

Todos nós viemos ao mundo com algo a oferecer. Desde os primeiros passos até os momentos de maturidade, buscamos sentido naquilo que fazemos, nos desafios que enfrentamos e nas relações que construímos. Esse sentido, essa força que nos move, é o que chamamos de propósito.

O propósito não precisa ser grandioso ou extraordinário aos olhos dos outros. Ele pode estar nas pequenas ações diárias, no cuidado com quem amamos, na busca por conhecimento ou no simples desejo de fazer o bem. Cada pessoa tem sua razão de viver, e não há certo ou errado nisso. O que importa é sentir que a vida tem direção, que existe algo que nos faz levantar todos os dias com vontade de continuar.

Muitos passam anos procurando esse significado, enquanto outros o encontram de forma intuitiva. O caminho para descobrir o próprio propósito nem sempre é linear, mas cada experiência, erro ou acerto nos aproxima dessa resposta. O essencial é não desistir de procurar, pois, quando encontramos aquilo que realmente nos preenche, a vida ganha uma nova cor.

E você? Já parou para pensar na sua razão de viver? Talvez ela esteja onde você menos espera, nas paixões que ainda não explorou ou nas pessoas que cruzam seu caminho. O propósito não precisa ser definitivo, ele pode mudar ao longo do tempo. O importante é que, ao olhar para sua jornada, você sinta que viveu com significado.