terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Ainda Dá Tempo?

            Lúcio olhava para o relógio de parede como se esperasse que ele parasse. Mas o tempo nunca parava. Nem para ele, nem para ninguém.

Durante anos, Lúcio adiou os sonhos. Sempre havia um amanhã mais conveniente, um mês menos apertado, um ano menos turbulento. Ele dizia a si mesmo que depois teria tempo de viajar, de visitar os velhos amigos, de aprender a tocar violão, de dizer para sua mãe o quanto a amava. Sempre depois.

Mas os anos foram passando. A mãe partiu sem que ele dissesse tudo o que queria. Os amigos seguiram seus caminhos. As oportunidades ficaram pelo caminho, sufocadas pelas desculpas que ele repetia sem perceber.

Certa manhã, enquanto tomava café, Lúcio ouviu o riso de uma criança na rua. Um menino, de no máximo sete anos, corria atrás de um cachorro, gargalhando como se o mundo inteiro fosse uma brincadeira infinita. E Lúcio se perguntou: "Quando foi que eu parei de correr?"

A pergunta ecoou em sua mente por dias. Até que, uma noite, ele pegou o telefone e ligou para um amigo que não via há anos. Comprou a passagem para aquela viagem que sempre adiou. Começou a aprender violão, errando os acordes com um sorriso no rosto.

O tempo não voltava, mas o agora ainda era seu.

Porque, no fim, nunca é tarde para viver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por participar de meu blog...