A sala de aula é um espaço coletivo de construção do conhecimento, onde o direito de aprender deve ser garantido a todos. Contudo, quando um estudante constantemente interrompe as atividades com “gracinhas”, desrespeita o professor e tira o foco dos colegas, após inúmeras advertências verbais, surge a questão: é justo e pedagógico retirá-lo da sala para preservar o andamento da aula?
Segundo Paulo Freire (1996, p. 45), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Contudo, essa possibilidade depende de um ambiente minimamente organizado e respeitoso. Quando um aluno compromete essa dinâmica, prejudica não apenas o professor, mas todo o grupo, e a gestão escolar deve intervir de forma educativa.
Libâneo (1994, p. 82) ressalta que “a disciplina em sala de aula é condição indispensável para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra de forma efetiva, garantindo o aproveitamento escolar de todos”. Assim, a retirada temporária do estudante para a coordenação pedagógica não deve ser vista como punição arbitrária, mas como estratégia pedagógica que visa interromper o comportamento prejudicial e abrir espaço para reflexão.
Além disso, Vygotsky (2001, p. 117) aponta que “o desenvolvimento ocorre na interação social, mediada e orientada”. Encaminhar o estudante para a coordenação possibilita que ele tenha um diálogo mais firme e orientado sobre as consequências de suas atitudes, entendendo que a liberdade no ambiente escolar vem acompanhada de responsabilidade.
Portanto, a retirada momentânea do aluno da sala, após várias advertências e registros, pode ser necessária, desde que acompanhada de orientação pedagógica e diálogo, visando não apenas a ordem na aula, mas também a formação ética e social do estudante. A escola não deve agir apenas punitivamente, mas de modo formativo, buscando que o aluno compreenda o impacto de suas atitudes e possa retomar sua participação de forma saudável.
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
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