Rubem Alves nos lembra que “há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”. Essa metáfora convida a refletir sobre o papel da escola: prender ou libertar, controlar ou encorajar. Porém, antes mesmo de pensar em voar, muitas crianças de hoje chegam à escola sem ter aprendido lições básicas de convivência: respeito, limite e responsabilidade.
É comum ouvir professores desabafarem que os alunos estão cada vez mais mal-educados, sem limites claros e sem noção das consequências de seus atos. Se por um lado a escola deveria ser asas, incentivando a liberdade e a criatividade, por outro, ela se vê obrigada a assumir um papel que antes era da família: ensinar valores e impor regras mínimas de convivência. Como encorajar o voo se a criança não aprendeu nem a respeitar o espaço do outro?
Rubem Alves afirmava que “o voo não pode ser ensinado, só pode ser encorajado”. Mas como encorajar quando o ambiente escolar é constantemente marcado por indisciplina, desrespeito e falta de limites? A escola não deveria ser um espaço de substituição da família, e sim de complemento. Cabe aos pais oferecer bases sólidas de respeito e responsabilidade para que a escola possa, então, cumprir sua missão de formar cidadãos críticos e criativos.
Assim, surge a necessidade de repensar a parceria entre família e escola. Não basta exigir da instituição aquilo que deveria começar em casa. O papel da escola é abrir horizontes, mas sem limites básicos a educação se torna frágil. Crianças sem limites acabam por transformar a escola em gaiola — não pela rigidez dos professores, mas pela necessidade de impor regras mínimas para garantir o aprendizado.
Educação com limites não significa aprisionar, mas preparar para a vida em sociedade. Só quando pais e professores assumirem juntos essa responsabilidade será possível transformar a escola em asas de verdade, onde o respeito convive com a liberdade e onde cada criança pode aprender a voar.