Segundo Evanildo Bechara, em relação às frases feitas, o emprego delas é hoje mais raro do que antigamente, e o fato se explica porque a modernidade, diminuídos o gosto e o contato da leitura, recebe menos a influência do texto escrito sobre o texto oral.
A toda hora se houve: dizer cobras e lagartos de alguém, ele é cheio de nove horas, isso são favas contadas, achar-se em camisa de onze varas. E, realmente, é tarefa complicada investigar as razões que as motivaram.
Explica o autor que pode-se entender também que as locuções se originam em associações psicológicas, em fatos históricos, em alusões literárias ou mitológicas, em comparações com todos os reinos da natureza, em etnologia e em muitos recantos do saber, da criatividade e da imaginação humana revelados pelo folclore.
Para ele, se nossa curiosidade recai na locução ele é cheio de nove horas, a lição de Câmara Cascudo nos parece perfeitamente válida quando a relaciona à época, da Idade Média até o século 19, em que era de bom-tom ente as famílias o recolher-se à intimidade do lar.
Respeitar às nove horas era sinal de boa educação e da boa convivência entre cidadãos. Desse conceito facilmente se passa à idéia da pessoa de extrema educação, chegando às raias de pessoa sestrosa, seguidora e ditadora de regras infalíveis e rígidas lições de comportamento a segundos e terceiros: um autêntico cheio de nove horas.
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